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O pequeno rebanho

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Certa vez, um jornalista disse ao Papa São João Paulo II que o cristianismo entraria no século XXI em minoria e em declínio. O Papa polonês então explicou assim: “Diz Cristo: ‘Não tenhas medo, pequeno rebanho, porque o Pai achou por bem dar-vos o Reino (Lucas 12,32)’”. A Igreja não tem a pretensão de alcançar uma popularidade baseada em cômodos critérios humanos, porque o Evangelho não é a promessa de fáceis triunfos. A ninguém promete uma vida cômoda. Faz exigências. Cristo fala da necessidade da renúncia e da cruz para aqueles que querem segui-lo (Mateus 16,24; 10,38), e esta verdade essencial do Evangelho sempre e em toda parte vai esbarrar contra o protesto do homem. Sempre e em toda parte o Evangelho será um desafio para a fraqueza humana.

Jesus falava com clareza das perseguições que esperavam seus seguidores: “Não é o servo maior do que o senhor. Se eles me perseguiram a mim, também vos hão de perseguir a vós; se eles guardaram a minha palavra, também hão de guardar a vossa” (João 15,20). Tais perseguições, adverte Jesus, poderão vir da própria família (Mateus 10,36).

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O Evangelho de São Lucas fala de um homem justo chamado Simeão que vivia em Jerusalém. Simeão disse a Maria que o Menino Jesus iria ser alvo de contradição (Lucas 2,34). Comentando esta passagem bíblica, o Papa São Paulo VI escreveu assim: “são muitas as vozes, amplificadas pelos meios modernos de propaganda, que estão em contraste com a da Igreja. A bem dizer a verdade, esta não se surpreende de ser, à semelhança do seu divino fundador, “objeto de contradição” (Lucas 2,34) mas, nem por isso, ela deixa de proclamar, com humilde firmeza, a lei moral toda, tanto a natural como a evangélica” (São Paulo VI: Encíclica Humanae vitae nº 18).

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Assim, “a Igreja avança em sua peregrinação por meio das perseguições do mundo e das consolações de Deus” (Santo Agostinho).

É certo que por ordem de Cristo, a Igreja tem a missão de anunciar o Evangelho a todos os povos (Mateus 28,19). Também é verdade que “as promessas do Senhor de nunca abandonar a sua Igreja (Mateus 16,18; 28,20) e de guiá-la com o seu Espírito (João 16,13) comportam que, segundo a fé católica, a unicidade e unidade, bem como tudo o que concerne a integridade da Igreja, jamais virão a faltar” (Congregação para a Doutrina da Fé: Declaração Dominus Iesus nº 16).

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Quanto à Igreja, dizia o Papa Bento XVI, ela não cresce por proselitismo, mas por atração, isto é, cresce pelo testemunho dado aos outros, mediante a força do Espírito Santo. A Igreja “sabe também que a aceitação do Evangelho não depende, em última análise, de algum esforço apostólico seu, de alguma circunstância favorável de ordem temporal. A fé é dom de Deus, e só Deus marca no mundo os caminhos e as horas da salvação. Mas ela sabe, por outro lado, que é semente, fermento, sal e luz do mundo” (Papa São Paulo VI: Encíclica Ecclesiam Suam nº 53). “Quando os homens põem à Igreja as perguntas da sua consciência, quando na Igreja os fiéis se dirigem aos Bispos e aos Pastores, na resposta da Igreja está a voz de Jesus Cristo, a voz da verdade acerca do bem e do mal. Mediante a palavra pronunciada pela Igreja, ressoa no íntimo das pessoas a voz de Deus, que “só é bom” (Mt 19, 17), que só “é amor” (1 Jo 4, 8. 16)” (Papa São João Paulo II: Encíclica Veritatis splendor nº 117).

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