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Oh, Minas Gerais

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Através da internet e imprensa, tomei conhecimento da tramitação na Assembleia Legislativa de Minas Gerais da PEC 41/2015 que trata da transformação da música “Oh, Minas Gerais” em hino oficial do estado. Tal música tem letra do compositor local já falecido José Duduca de Moraes, o De Moraes, que a gravou em 1942. Ela é utilizada há muito tempo como hino extraoficial dos mineiros, agora, transformá-la em hino oficial é muito diferente.

A música é uma versão da canção napolitana “Vieni Sul Mar”, de autoria de Arielo Califano, e sua versão original foi gravada por consagrados nomes mundiais, como os tenores Luciano Pavarotti, Enrico Caruso (em 1919), José Carreras, Mario Lanza, Andrea Bocelli (no álbum “Incanto”, de 2008), Giusepe di Stefano, Pietro Ballo, Gianni Summa, Francesco Albanesi, Franco Bonissolli, Aldo Bianchi e Alfonso Mesucci. Também foi gravada pelo duo Violeta Riva e Nestor Fabian (em 1966), pela soprano Miranda (Mei-Huei) Jan e, nada mais, nada menos que Andre Rieu e Orquestra no disco “Love around the world”, além de muitos outros.

A música “Oh, Minas Gerais” teve sua primeira versão em português feita em 1910, pelo cantor e compositor carioca Eduardo das Neves, que a gravou na ocasião com o objetivo de enaltecer as qualidades do porta-aviões “Minas Gerais” incorporado à Marinha do Brasil naquele ano. A letra era completamente diferente da versão do De Moraes.

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Bem, até aí, “morreu o Neves”. O interessante vem agora: como transformar em hino oficial de um estado uma música consagrada em seu país de origem e em todo o mundo? Será que a legislação italiana e o direito internacional permitem tal situação? E a família do autor da música original sabe disso? Como diria o Galvão Bueno: “Pode isso, Arnaldo?”. Para estabelecer um parâmetro, seria como se um músico italiano fizesse uma versão para seu idioma da brasileiríssima “Aquarela do Brasil”, do saudoso Ari Barroso, e pretendesse transformá-la em hino oficial da sua província ou região. Seria, no mínimo, estranho, além de ilegal.

A respeito da situação local, já vi na internet uma pessoa falando mal de tal atitude pelo fato de se querer usar uma música plagiada para ser hino oficial de Minas Gerais. Para encerrar parafraseando o macaco Sócrates, interpretado magnificamente pelo ator Orival Persini no extinto programa televisivo “Planeta dos Homens”: “Desculpe a ignorância do macaco. Eu só queria entender!”.

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