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O dia em que a parada parou!

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Todas as identidades homossexuais reunidas pelas ruas do mundo inteiro, reiterando sua militância, serão sempre a mais eficiente e eficaz forma de luta!

Éramos poucos (as): isso é fato! Críticas ao Rainbow Fest? Sim, elas existem. Há deslizes nos discursos e nas práticas, resultado da vontade de se fazerem vistos (as) e ouvidos (as). Porém, essa é a maneira de homossexuais protestarem, utilizando-se da linha tênue que separa o discurso político e a tendência à carnavalização que as paradas gays sofreram no Brasil. Deve ser destacado também que não é fácil levar a termo essa empreitada em meio a tantos empecilhos, preconceito, falta de verba e ausência de patrocinadores.

Sim, o turista não veio! É impossível que ele “descubra” o evento quando não há nenhum investimento em publicidade. Sem o turista, não houve o “aquecimento da economia local”. Mas eventos devem ser avaliados para além do retorno econômico-financeiro. Evento é festa, encontro e efervescência de tribos!

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Os jovens da periferia eram maioria! E qual é o problema? Trata-se de uma marcha que, mesmo existindo em prol dos homossexuais, tem também a função de discutir as minorias sociais. Os “bondes”, o “pessoal do morro”, do “outro lado do rio” não são também minoria social? E qual outra “diversão e arte” eles teriam num fim de semana de feriado? Quais políticas públicas municipais os incluem, lhes tratam com “cuidado”, além do nefasto “vigiar e punir” discutido pelo filósofo francês Michel Foucault?

Acabar com a parada gay é deixar prevalecer “a parada gay perdeu seu papel político”. Isso é falso! As paradas precisam continuar existindo! Elas serão sempre o coro uníssono que ecoa em todo o mundo em defesa dos homossexuais. Mesmo que o formato precise ser reformulado, precisamos continuar marchando!

Sabe por quê? As questões relacionadas aos gays não avançam na mesma velocidade do que tem sido encenado nas novelas. A realidade das ruas é diferente! O Brasil continua recordista em número de assassinatos de gays por homofobia, ódio ou motivo fútil, com um homossexual morto a cada 28 horas. As famílias homoafetivas não são reconhecidas.

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Se trouxermos para a realidade local: no último ano, Juiz de Fora presenciou dois crimes bárbaros de cunho homofóbico, além da agressão ocorrida na semana passada. Quantas agressões não são registradas? Quantas ainda serão necessárias?

E, assim, vai-se conseguindo calar a Parada Gay de Juiz de Fora. O problema é que, ao nos calarmos, morremos – mesmo que simbolicamente. Com isso, o discurso do ódio e da intolerância, o extremismo religioso, a repulsa às discussões sobre gênero e identidades vão ganhando espaço e ocupando a “cabeceira da mesa”.

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