Estamos a menos de dois meses das eleições e confesso que, desde quando acompanho os pleitos — há mais de 50 anos —, nunca havia visto uma indefinição tão grande. Agora começo a sentir uma reação dos candidatos Álvaro Dias e Geraldo Alckmin, com certeza, os melhores que estão na disputa, até mesmo por suas experiências como governadores.
No debate da Band, sobressaiu um candidato sem chances e sem consistência, ressalte-se, o Guilherme Boulos, que marcou presença ao dizer que é preciso acabar com a “esculhambação” neste país, olhando para seus colegas de bancada. O Cabo Daciolo, do partido Patriota, mostrou que não sabe de nada e que nem deveria participar dos debates, ao fazer uma pergunta para Ciro Gomes sem qualquer conteúdo, inexplicável mesmo. Ciro se aproveitou do raciocínio confuso do adversário para acabar com ele.
Henrique Meirelles, de quem se esperava melhor desempenho, até por ser, sem dúvida, o mais bem preparado tecnicamente, acabou apresentando um desempenho pífio, afundando ainda mais sua candidatura. De Marina o que falar? Nada, infelizmente, nada. Continua com um discurso vazio, tanto quanto o de Ciro, com a diferença de que o candidato do PDT é mais vibrante e falastrão.
Foi apenas o primeiro debate, pode-se alegar, mas os eleitores devem começar a ficar mais atentos em quem votar, não só para a Presidência da República, mas também para deputados federais e estaduais e senador. Se não melhorarmos o nível do Legislativo, seja quem for o presidente eleito, as situações política, econômica e social tendem a se agravar, e então caminharemos mais rapidamente para uma ruptura.
Quando falamos em melhorar a representação popular, estamos defendendo o voto em candidatos realmente comprometidos com as reformas necessárias ao país. Gente com coragem em votar naquilo que é necessário mudar, sem discursos demagógicos. Quem precisa assumir a vanguarda da discussão sobre mudanças são os candidatos a presidente. As propostas terão que partir do eleito, e logo nos primeiros meses de mandato. Até aqui todos têm tangenciado o assunto, sem maior profundidade. A reforma política, por exemplo, chamada de mãe de todas as reformas, tem sido assunto apenas de Alckmin.