O comportamento do presidente Bolsonaro, sua fala fracionada e suas colocações sobre algumas questões que parecem estapafúrdias, no mínimo pouco usuais para um presidente, têm motivado diferentes análises. Em sua maioria, desfavoráveis a ele. Causa estranheza, em especial, suas ligações com o não se sabe bem o quê – ideólogo, escritor, filósofo, cartomante – Olavo Carvalho, que tantas crises tem no país.
Outro dia, em um almoço com empresários em São Paulo, ouvi de um deles uma análise sobre o presidente e suas ações com as quais sou obrigado a concordar. A começar pela afirmativa de que Bolsonaro é “um bobo”. Isso, óbvio, ele não é, tanto que chegou a presidente, destronando muitos que se diziam espertos. Neófito político, também não. Ele “farejou” com antecedência o desgaste petista depois de tantas roubalheiras e incompetência e soube construir um discurso que o levou à vitória, ajudado, por incrível que pareça, pelo atentado sofrido em Juiz de Fora.
Chamou-me a atenção, em especial, a análise sobre a presença de Olavo Carvalho no Governo. Ela, ao contrário do que se imagina, acredita o empresário amigo, é estratégica. Olavo blinda Bolsonaro. E mais, é sua bica de aluguel, falando o que o presidente pensa ou precisa falar para acomodar quem pensa exercer sobre ele muita influência.
De fato, o presidente, eleito sem uma base consistente de onde tirar auxiliares, colocou muitos militares em sua equipe, todos eles mais graduados e mais preparados do que ele. Gente que chegou ao generalato enquanto ele é capitão. É verdade que ocupa o mais alto cargo do país, mas, para a caserna, é capitão.
Bolsonaro precisa dos generais para governar e para enfrentamentos políticos que terá para realizar para atingir seus objetivos na Presidência da República. Mas, para sua segurança institucional, melhor que esta base fardada não seja monolítica. Melhor que seja formada por grupos. Dividir para governar. É este o papel de Olavo que atira em todos, deixando claro que são vulneráveis e que, por isso, estão onde estão, por decisão pessoal do presidente. São, portanto, devedores. Não credores. A análise, se não for absolutamente correta, é, pelo menos coerente e, parece, bem próxima da verdade.