Na próxima semana, com o início da Quaresma, também se inicia a Campanha da Fraternidade. Sempre, nesse tempo forte de conversão, a Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) nos oferece um tema para nossa reflexão e consequente atuação. Nesse ano, o tema é “Fraternidade, Igreja e Sociedade”, e o lema é tirado do Evangelho segundo Marcos: Vim para servir! (Mc: 10,45). O cartaz sugestivamente mostra o Papa Francisco lavando os pés de jovens apenados na Quinta-Feira Santa. Sempre, na metodologia do ver, julgar e agir, a Igreja nos convida primeiro a observar como andamos nós e o mundo em nosso entorno. Ver como a Igreja se relacionou com o Estado e a sociedade, na cristandade colonial, o Império, os desafios da primeira metade do século XXI, o período da repressão e a urbanização, o desenvolvimento e a violência atual. Diante deste quadro, se apresentam o serviço e as práticas eclesiais em prol da sociedade e dos pobres, encerrando a reflexão com os sinais dos tempos e a esperança diante dos desafios.
O julgar convida a olhar para a experiência de Israel como povo destinado a ser luz para as nações. Focaliza de imediato a proposta de Jesus Cristo, que veio para servir, e não ser servido, instaurando o seu Novo Reino e a continuidade da Igreja nascente em favor de uma sociedade reconciliada e fraterna. Se apresenta de imediato a relação igreja-sociedade nos documentos do magistério da Igreja e seus critérios: bem comum, solidariedade, participação, justiça social e opção preferencial pelos pobres.
No agir, são apresentadas linhas de encaminhamento a práticas na direção do diálogo, da cooperação e do serviço. Propõem-se a construção de uma cultura de paz, a participação nos conselhos paritários e o aprofundamento de uma democracia ativa, que envolva a cidadania, o apoio à reforma política e reforma do Estado, tornando-o mais servidor e democrático. Entretanto, o envolvimento e a criação de conselhos e a participação política podem ser feitas através de ONGs, aumentando a eficácia de nossos atos, mas é importante lembrar que nossa Igreja é muito mais que uma ONG. Ela também tem que ser o “hospital de campanha” que vai às frentes de batalha onde nossos irmãos estão feridos pela vida, acolhendo-os, cuidando e manifestando a misericórdia.
Falando aos jovens, na Jornada Mundial da Juventude, o Papa Francisco apelou para que nós, cristãos, sejamos rueiros, uma Igreja em processo de saída, que mostre a todos a misericórdia de Deus, que ousa ir ao encontro das periferias existenciais e materiais, gerando a civilização da ternura, da paz e do serviço solidário. Nenhum cristão está dispensado de servir pessoalmente!