Com o período da chuva que se estende até março no Brasil, existe o risco de um aumento substancial nos casos de dengue. A doença, que pode causar febre alta, fraqueza e dores no corpo e, em casos mais graves, até levar à morte, é transmitida pelo Aedes Aegypti – um mosquito que se prolifera em acúmulos de água parada. Sem disponibilidade de vacinas ou tratamentos específicos para as variantes do vírus, a epidemia de dengue é um problema recorrente no país e em 2022 apresentou dados alarmantes.
De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde, até outubro de 2022, já havíamos registrado um aumento de 185% dos casos de dengue na comparação com o ano anterior. A maior taxa de incidência em todo o país se concentra no Centro-Oeste: Brasília, Goiânia e Aparecida de Goiânia são os municípios com mais casos prováveis identificados.
É verdade que nos últimos dois anos grande parte dos recursos estiveram voltados para o combate à pandemia de Covid-19, mas há outras causas. Os esforços de conscientização se concentram em períodos específicos, quando há aumentos do foco do mosquito e um maior trabalho de fiscalização, mas falta um planejamento estratégico para lidar com o problema na base e a longo prazo.
As campanhas pontuais são importantes, mas insuficientes para resolver a epidemia. Para ser efetivo, o combate à dengue requer políticas públicas articuladas e intersetoriais. Isso vai desde a educação da população – na atenção com o lixo e a gestão dos espaços privados, por exemplo – até a articulação de um espaço público mais eficiente do ponto de vista urbanístico e ambiental. Hoje, o que vemos é um esforço para combater o surto, mas depois de um tempo – quando os casos diminuem – há uma interrupção do trabalho, e o ciclo se repete.
O combate à dengue recai numa área de atenção primária, dentro do leque da saúde preventiva. As equipes que atuam junto às famílias contam com agentes comunitários de saúde, fundamentais no processo de educação e controle desse e outros riscos aos quais está sujeita a população. A bonificação de profissionais mediante a redução de indicadores específicos é uma estratégia utilizada em alguns países que poderia também ser aplicada no Brasil.
Sendo uma doença de notificação compulsória, temos indicadores muito específicos que podem ser facilmente avaliados. Associado a um planejamento intersetorial de longo prazo, o incentivo a profissionais de saúde poderia trazer muitos benefícios ao combate efetivo não só dessa, mas de outras epidemias.
Além de eliminar focos de água parada, utilizar repelente e telar janelas e portas pode ajudar a evitar o contágio. Ainda não há um tratamento específico para o vírus da dengue, que pode se manifestar de formas diferentes em cada pessoa – por isso, é importante o acompanhamento de um médico. Em casos de fraqueza, febre, dores no corpo e mal-estar, procure uma unidade de saúde.