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Lições da Chape

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José Anísio Pitico da Silva

Assistente social

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“A solidariedade e a compaixão apresentadas pelo mundo do futebol me fizeram acreditar na força desse esporte”

O futebol explica o mundo. Não. O futebol pode salvar o mundo. É o que percebi e senti (chorei, sim) diante das transmissões televisivas levadas à exaustão, na semana passada, por conta da tragédia que aconteceu com o time da Chapecoense, carinhosamente adotada por todos nós de Chape. A solidariedade e a compaixão apresentadas pelo mundo do futebol me fizeram acreditar na força desse esporte. Eu já sabia, mas extrapolou as linhas da pequena Chapecó, no Estado de Santa Catarina.

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Por outro lado, tivemos momentos intermináveis de choros, lágrimas, exageradamente colocados em nossas casas e em nossos corações, combalidos demais pelo desastre aéreo de Medellín. Considero, como muitos interlocutores das redes sociais, que houve um exagero na exposição pública dos sentimentos dos familiares e amigos que perderam seus entes queridos, mostrados em todos os ângulos nas câmeras das TVs. A espetacularização da dor humana, o que torna a vida, como a morte, um simples detalhe. E não são.

Sempre achei que o futebol é mais do que um esporte e está longe de ser o ópio do povo, assim como algumas religiões. São mecanismos sociais e políticos de controle social e ligados a interesses de terceiros, no intuito da dominação capitalista/econômica do mercado da bola e do reino dos céus. Futebol e religião formam uma boa tabelinha na exploração de alguns grupos sociais e pessoas.

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Passado um pouco esse período de consternação nacional e mundial, poeira abaixando, me vêm à cabeça algumas ponderações e reflexões trazidas pela história da Chape. Acredito que, para os que viveram essa realidade, a memória nunca deixará de registrar o sofrimento presente na alma dos familiares e amigos. Que lições a Chape nos oferece com a tragédia? Penso que a cidade podia investir mais no futebol, no esporte, de um modo geral. Mas não investe. Por quê? Se, pelo futebol, podemos mudar o mundo, como nos mostrou o povo de Chapecó, comecemos, então, a mudar a nossa cidade, mudando a nossa relação com o futebol.

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