Circo é uma comunidade que reúne pessoas com diversas habilidades, profissionais esforçados que precisam desempenhar com maestria cada função, artistas na melhor acepção da palavra, que administram um local itinerante e convivem para levar, através do comprometimento diário, alegria, entretenimento e diversão para o público, ao mesmo tempo que proveem o pão de cada dia aos seus. Aproveitando: também não chamem o Congresso Nacional de “manicômio, hospício ou hospital psiquiátrico”. Ninguém ali nesses lugares buscava ou busca ajuda, proposital e maquiavelicamente, se fazendo de “louco” para conseguir o que precisava ou precisa.
Definir o Congresso Nacional hoje, realmente, está cada vez mais difícil. Logicamente há exceções. Existem sim os bons e verdadeiros políticos, que exercem a função para a qual foram eleitos. Contudo, o que estamos vivenciando nos últimos anos, a cada reunião de comissão, é uma baderna, uma busca constante por likes e seguidores patrocinada pelo dinheiro público. O que estamos vendo, infelizmente, é algo diferente de tudo que é “Política”.
“Representantes do povo” misturando, ardilosamente, escolha individual com decisões necessariamente coletivas; maquiavelicamente – repito o termo propositalmente – agem para manter seu público-voto e, para isso, gritam, esperneiam, xingam, partem para as vias de fato, debocham, desrespeitam, passam por cima de valores que independem de sigla partidária, de condição socioeconômica, de gênero, sexo, raça, tais como virtude, ética, moral, caráter, empatia, hombridade etc, resumindo: UMA VERGONHA!
O Brasil criou e está dando cada vez mais espaço para o político badernista, e muitos partidos estão adorando. Ele não é afeito à ciência, não respeita instituições, não acredita na República; diz ser democrata, mas é representante do autoritarismo; faz atuação teatral [no figurado] e não legisla; sua fonte de poder é a rede social, e não a Constituição e os anseios do povo; sua busca por voto não é através de ideias e debates produtivos, mas através de likes e views na presepada que orquestra justamente para isso.
“Trabalham” diuturnamente para descredibilizar a verdadeira política, ajudando a criar e alimentar aversão do público que por ela nutria esperança. E, ao fazerem isso, alimentam o voto badernista, o seguidor, aquele que acredita nisso tudo como forma ou perfeita estratégia de melhorar e mudar a política. E assim, paradoxalmente, eles se mantêm e mantêm seus privilégios dentro da mesma estrutura que criticam. E o eleitor, acreditando que seu escolhido é um agente de mudança, confia nele devotamente e ainda faz propaganda, jogando tudo, textos, imagens e vídeos fakes, sem sequer analisar, nos famosos grupos de WhatsApp.
Por fim, infelizmente, esse tipo [político badernista] está crescendo, muito também pela ausência de força ou de difusão da força daqueles que fazem política com P maiúsculo – sim, eles existem; muito porque baderna garante mais audiência, curtidas e compartilhamentos do que discussão séria; muito porque nós eleitores paramos de acompanhar a Política em si e estamos acompanhando as redes político-badernistas como fonte principal de informação e definição de voto.
Portanto, vale lembrar: não se trata de circo ou de manicômio, são produções nossas!
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