Durante este mês de outubro, a Igreja traz para todos os cristãos a reflexão sobre a dimensão missionária da vida cristã. Aliás, o próprio Jesus ordenou a todos os seus discípulos que fossem por todo o mundo anunciar o seu evangelho, levando para ele todas as criaturas. O apóstolo Paulo saiu em viagens por todo o mundo conhecido pregando o Evangelho, criando comunidades cristãs, até Roma, para lá plantar a cruz de Cristo com seu testemunho (martírio), que de lá se espraiou para o mundo todo.
Na nossa Igreja latino-americana, devemos muito a heroicos missionários que trouxeram exemplos de vida cristã na defesa da dignidade dos indígenas com Bartolomeu de Las Casas e Antonio Montesinos. A Igreja do Brasil e a da América Latina têm enviado para outros lugares missionários, dando de sua própria pobreza, como diz Puebla. Entre nós leigos, vários movimentos têm dado exemplos de desprendimento, doando sua vida à missão ad gentes. Tais exemplos questionam a muitos de nós. Muitos cristãos leigos se questionam como cumprir o mandato de Jesus: ide…!
Realmente, sair de sua cidade, deixar trabalho e família não são coisas que todos possam fazer. E nem seria próprio do estado laical. Mas há um trabalho missionário imenso, diuturno, que todo leigo pode e tem a obrigação de fazer. A sociedade em que vivemos tem sido na sua prática profundamente anticristã, antirreino. O hedonismo, egoísmo elevado à condição de virtude, a consagração da esperteza como qualidade admirável, enfim, o individualismo como norma de vida têm campeado. É aí, neste lugar, nas nossas famílias, no nosso ambiente de trabalho, no mundo em que vivemos que Cristo nos ordena a levar para ele todas as pessoas. Essa é a nossa missão. Cristo nos chama (vocação) e nos entrega essa missão.
Sabemos que não é uma missão fácil, até porque é difícil converter gente que se acha já cristã. Muitos estranhariam se tentássemos lhes pregar o Evangelho. Mas também é outra tradição muito cara ao cristianismo o testemunho. A palavra grega que fala disso é martírio: significa dar a vida, mesmo sem morrer, viver, por Cristo, em doação de nossos trabalhos, nosso cuidado, abrindo nossas portas e nosso coração a todos, e certamente estaremos pregando o Evangelho e convertendo um mundo antideus aos valores da caridade, da doação e do desprendimento. Francisco, no Brasil, nos mandou ser rueiros. Sair dos templos e ir pelas ruas anunciar Jesus e a misericórdia de Deus. Que nossa mãe de Aparecida, hoje celebrada, nos ajude a cumprir nossa missão.