A violência crescente em Juiz de Fora, nos últimos anos, precisa ser encarada de frente, e as autoridades precisam dar respostas concretas à sociedade. Faltando três meses e meio para o fim do ano, a cidade já contabiliza cem assassinatos. Em 13 de setembro de 2013, há um ano, Juiz de Fora também ostentava os mesmos cem homicídios e já superava os 99 assassinatos ocorridos em todo o ano de 2012.
Mas como explicar essa escalada da violência numa cidade tradicionalmente de paz e tranquila? Estudos realizados pelo Centro de Pesquisas Sociais da UFJF, que abriga o Laboratório de Estudos da Violência, procuram entender o fenômeno que assusta a população da cidade. Em permanente contato com o pesquisador Leandro Piquet Carneiro, do Núcleo de Pesquisas em Políticas Públicas (NUPPs) da Universidade de São Paulo (USP), que estuda o que está acontecendo em Juiz de Fora, buscamos debater o que fez a cidade deixar de integrar o grupo dos municípios menos violentos do país e passar a conviver com a taxa de 28,4 homicídios por cem mil habitantes.
Na década de 1990, Juiz de Fora convivia com 4,4 homicídios por cem mil habitantes, e, nos anos 2000, essa taxa subiu para 8,4 homicídios por cem mil habitantes. Mas nada de efetivo foi feito para combater esse crescimento da violência. A partir de 2012, Juiz de Fora passou a registrar números assustadores.
Por tudo isso, é consenso entre os pesquisadores a necessidade urgente de retirar de circulação as armas de fogo na cidade, além de aumentar os custos para os infratores que cometerem crimes com armas de fogo. E para isso ser feito, é essencial que a Polícia Militar passe a realizar com mais intensidade blitze para a apreensão de armas ilegais.
Segundo o pesquisador Leandro Piquet Carneiro, se nada for feito de imediato para conter o crime, combater o tráfico de drogas e inibir as ações de jovens em busca de vingança, a “mão invisível” da criminalidade permanecerá dando as cartas, e as estatísticas de homicídios em Juiz de Fora permanecerão crescentes. É essencial que os órgãos de segurança pública, a Administração Municipal e as organizações da sociedade civil encontrem meios de coordenar os esforços para dar um basta à crescente onda de criminalidade violenta.
O recente documento assinado pelos delegados da Polícia Civil em Juiz de Fora, clamando por melhores condições de trabalho e pela ampliação do quadro profissional, reflete a situação de insegurança vivenciada na cidade. O combate à criminalidade violenta só será efetivamente realizado com uma Polícia, tanto Civil quanto Militar, bem aparelhada e em número suficiente. Esse é um desafio que a cidade e as autoridades precisam enfrentar. E resolver o problema, para que Juiz de Fora volte aos dias de cidade pacífica.