“Bem-aventurados os pobres de Espírito, porque deles é o Reino dos Céus” é uma das bem-aventuranças anunciadas por Jesus na passagem do Sermão da Montanha. Para a compreensão dos incrédulos, a expressão pobres de espírito restringe-se a tolos. Entretanto, conforme os ensinos de Jesus, ser pobre de espírito é conquista fundamental a todo aquele que deseja o progresso e a renovação. Jesus diz que o Reino dos Céus é dos humildes e não dos orgulhosos.
No Evangelho, Allan Kardec esclarece que os homens cultos e inteligentes limitam a governança da vida pelo seu olhar, não admitindo a presença da Divindade. A preocupação consigo mesmo e com as necessidades imediatistas do mundo material absorvem sua atenção. Porém, se não admitem um poder superior, para além do humano, não significa que isso esteja fora de seu alcance, mas porque o orgulho lhes impede de avançarem nessa compreensão.
Quando Jesus afirmou que o Reino dos Céus é para os simples, ensinou que condições importantes para a evolução espiritual são a simplicidade de coração e a humildade de espírito, enquanto que a vaidade egoísta e o orgulho caminham em sentido oposto à edificação do progresso espiritual. Em todas as situações, o Mestre mostrou que a humildade está entre as virtudes que nos aproximam de Deus, e o orgulho é um vício que Dele nos afasta.
Assim, pobres de espírito traduzem aqueles que compreendem as leis divinas e se esforçam em obedecê-las. Nas bem-aventuranças, temos orientação para essa conquista. Na observação de nossas atitudes diárias, de nossas ações e reações diante de acontecimentos, ser-nos-á possível a correção de nossa visão, empreendendo esforços, a fim de melhorar-nos, segundo os padrões do Evangelho, libertando-nos de nossos erros.
Na psicografia do médium Chico Xavier, o espírito Emmanuel afirma que a humildade é uma virtude quase desconhecida e que, sem o reflexo dela, a criatura sente-se proprietária exclusiva dos bens que a cercam, despreocupada da sua condição real de espírito, convertendo a própria alma em cidadela de ilusão, recusando o contato com as realidades da vida.
Na conquista da humildade, aceita-se sem constrangimento a obrigação de trabalhar e servir, a benefício de todos. Emmanuel diz que a humildade patrocina o progresso e apoia-se na permanente renovação para o bem: “Cultivá-la é avançar para frente sem prender-se, é projetar o melhor de si mesmo sobre os caminhos do mundo, é olvidar todo o mal e recomeçar alegremente a tarefa do amor, cada dia”.
Recomeçar é oportunidade divina no Evangelho de Jesus, permitindo-nos a libertação das zonas limitantes do próprio eu: “Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará”.