Sou mais uma das inúmeras vítimas dos maus-tratos com as calçadas que se espalham pela nossa cidade, do Centro aos bairros mais afastados. Na sua maioria, são malconservadas, maltratadas, sem o mínimo cuidado com as consequências desastrosas que possam ocasionar aos transeuntes.
No meu caso, foi uma queda, que resultou em fraturas no joelho e no braço, provocada por um gancho de ferro, envolto por uma corrente, fixado no passeio de um bar/restaurante, num dos trechos mais movimentados do Alto dos Passos. O obstáculo ali está para servir de suporte de toldos na parte da casa.
O acidente foi há poucos dias, e ainda terei pela frente um longo tempo de restabelecimento, fisioterapia, medicamentos e acompanhamento médico.
Diante disso, indago: quem eu deveria responsabilizar pelo sacrifício que venho enfrentando? O dono do estabelecimento, que faz e desfaz do uso de um espaço coletivo, inviolável, para satisfazer suas conveniências? Ao órgão de fiscalização da Prefeitura, que tem a obrigação de vigilância para coibir esses abusos acintosos, proibitivos à disciplina urbana contra os que se lixam para esse comportamento de respeito ao próximo?
Emprego o verbo no condicional (a quem deveria…) porque não reúno condições físicas e psicológicas para levar à frente o que seria um longo e desgastante embate judicial, com direito a recursos e apelações. Não descarto, inclusive, que, ao final da refrega, a sentença recomende-me caminhar com mais atenção aos meus passos, especialmente no Alto dos Passos, esquina das ruas Severiano Sarmento com Dom Viçoso.
Mas, ainda no terreno das hipóteses e alternativas, penso que o correto seria responsabilizar ambos – o estabelecimento comercial e a Prefeitura – e puni-los – com a obrigação de se desculparem publicamente, comprometendo-se, no caso da segunda, a atuar com mais rigor e vigor na fiscalização de nossos passeios. E, quanto ao estabelecimento, além do reconhecimento da culpa, deve se comprometer a retirar o obstáculo ou colocar uma proteção visível, alertando aos que, como eu, se veem, numa fração de segundos, distraidamente, diante de aborrecimentos e aflição por não estarem atentos a cada passo pela cidade.