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Compulsão: eu, hein!?

Por Melcina Moura Moreno, Psicóloga e pedagoga
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Sabe quando uma pessoa faz algo, tem um prazer imediato, mas sabe que as consequências podem trazer problemas e continua fazendo? Talvez seja compulsão. Existem diversos tipos de compulsões, que são hábitos aprendidos – repetitivos – como uma forma de ser presenteado, gratificado emocionalmente, aliviando ansiedade e angústia. A questão é que, apesar do desejo de gerar alívio de tensões emocionais, não existe uma adaptação plena ao bem-estar mental, ao conforto físico e à adaptação ao meio social.

Uma pessoa compulsiva tem comportamentos repetitivos, frequentes e excessivos; em troca, ela recebe de “presente” o alívio do desconforto, do desprazer, da ansiedade, da angústia. Como resultado, sente-se mais motivada a repetir o ato outras vezes. Passado um tempo, essa sensação de equilíbrio passa, e a velha conhecida sensação negativa, consciente, por ter perdido o controle, por não ter resistido ao impulso, surge como sentimento de culpa. O autoperdão vem na sequência, impelindo a pessoa a destemidamente repetir outra vez, e de novo, e de novo e novamente, correndo riscos – cada vez maiores.

As causas das compulsões têm suas raízes em vivências do passado, hábitos aprendidos na infância, razões biológicas, orgânicas e emocionais de excessiva insegurança.
As atitudes compulsivas são entendidas como atitudes mal-adaptadas diante da ansiedade e/ou angústia, gerando consequências físicas, psicológicas e sociais importantes.

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Quem possui comportamentos compulsivos traz consigo consequências negativas, tais como: uso abusivo de álcool, drogas, cigarro e medicamentos; consumo exagerado de alimentos; fuga do convívio social; vômito proposital, automutilação; compras irresponsáveis; jogos e apostas arriscados; excesso de atividade física, de organização, de higiene…

No meio do caminho dos hábitos repetitivos surgem os transtornos obsessivo-compulsivos, conhecidos pela sigla TOC. Isso ocorre quando a pessoa se torna dependente dos hábitos repetitivos para viver. Talvez você conheça: alguém que acorda num determinado dia acreditando que a casa será assaltada, para evitar esse sinistro, tem que fechar as janelas e portas usando cadeados e chaves. Isso é normal. Mas a atitude que não se adapta é quando a pessoa tem que rodar a chave sete vezes para realmente fechar. Isso faz com que a pessoa saia e volte algumas vezes para girar a chave e confirmar a contagem.

A pessoa vai a um restaurante, seleciona o prato, alimenta-se com moderação e prazer, mas, após o término da refeição, acredita que a ingestão do alimento vai engordar, então, vai ao banheiro e provoca o vômito, ou ingere laxantes. Para aquela pessoa que está com a ideia fixa de que está sujeita a contaminação se mantiver as mãos sujas, lavar as mãos é uma medida de higiene normal.

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Mas se para se livrar da contaminação a pessoa tiver que lavar as mãos sete vezes a cada aperto de mão, ou por ter tocado em algo que alguém tocou, essa atitude não se adaptou ao cotidiano, mas gerou um atalho, um viés que limita a vida dessa pessoa.

Alguém que, diante de uma situação de ansiedade, torna-se tricotilomaníaco, automutila-se com escoriações, roendo unhas.

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Diante do desconforto emocional, somente esses comportamentos compulsivos amenizam o alto grau de angústia e ansiedade. Contudo tais comportamentos socialmente podem ocasionar em déficit na vida profissional, na execução eficaz das tarefas, na segurança para ficar em sua própria casa e sair dela, na dificuldade do convívio social, tudo isso porque a frequência elevada desses comportamentos constitui um efetivo processo de dependência.

E essa dependência é muito similar entre os comportamentos compulsivos e a adicção química – uso exagerado de substâncias, já que ambos diante da angústia da abstinência geram: sudorese, taquicardia, alucinações, tremores, entre outros, porque as atitudes compulsivas repetitivas ocupam papel importante e intransferível na vida pessoal, familiar, profissional, afetiva e social da pessoa; logo temos comprometimento na qualidade de vida.

Talvez você conheça alguém que esteja sofrendo com hábitos mal adaptados. Chegou a hora de dizer: “Eu, sim, vou pensar e buscar ajuda para mudar!”.

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