Em nossa caminhada pela vida, do berço ao túmulo, mesmo sem perceber, temos uma difícil tarefa a cumprir: progredir moralmente, ao mesmo tempo em que se vive em meio a tanta materialidade.
Tal ambiguidade aflige o ser humano em todos os tempos e épocas. Poetas se perturbam na busca de um sonho realizável, filósofos escavam pensamentos procurando respostas, religiosos vasculham a eternidade em busca do paraíso.
Materialidade e a busca pela elevação parecem fazer do homem a figura mitológica do Centauro, metade do corpo humano e a outra de um quadrúpede.
A matéria perecível animada pelo espírito imortal, percorrendo caminhos passageiros do planeta, vai progressivamente encontrando as trilhas da eternidade, nas palavravas ensinadas pelo Mestre de Nazaré.
A natureza não dá saltos, bem como o progresso não ocorre sem esforço pessoal. Assim quanto mais buscamos o Criador, mais nos encontramos como seus filhos. E é como filho que observa o pai que se descortinam os exemplos reveladores, norteando nossas vidas. E não raro percebe-se que, efetivamente, tudo de bom que possuímos origina-se do mais Alto.
Se algumas vontades e desejos sacolejam nosso corpo, assanham nossos pensamentos, podendo conduzir a comportamentos comprometedores, as excelentes qualidades que todos trazemos em nossos espíritos são dons que procedem de Deus. Entretanto, para desfrutar desse benefício, aqui chamado de “dom”, é necessário utilizar-se da força de vontade, visto que não há privilégio nas leis de Deus, como ensina o Evangelho: “Pedi e vos será concedido, buscai e encontrareis, batei e a porta será aberta para vós.” (Mateus: 7).
Deseja auxiliar aos enfermos? Comece exercitando carinho aos doentes, dedicando-se pela solução de suas necessidades. Quer o dom de ensinar? Cultive o hábito salutar das palavras e lições edificantes. Sonha com o dom da virtude? Esforço em disciplinar-se. Pretende conquistar o dom da fala correta e sábia? É fundamental cultivar a sabedoria do silêncio. É seu desejo seguir as pegadas do Cristo? Necessário se faz aproximar-se d’Ele não só com palavras macias, mas em conversação elevada e atitudes de sacrifício e esforços, como foi a vida exemplar do Mestre de Nazaré.
Para que nossos dons superem os instintos e a brutalidade material, busquemos a luz que brilha dentro do nosso coração. Por mais que esteja escondida nos escombros de nossos instintos, ela, a Luz, está lá, aguardando um gesto de nossa boa vontade, para que seja feita a vontade do Pai, através das predições de Jesus: “Vós sois a luz do mundo”.