Vejo com certa tristeza o presidente Bolsonaro dizer que a sua vitória nas urnas se deve a Olavo de Carvalho. Ora, qualquer brasileiro, de quaisquer idades, sexo ou profissão, sabe que a sua vitória foi fruto de uma campanha bem articulada por quatro anos, focada nos desmandos administrativos e ideológicos dos governos petistas e prenunciando uma mudança radical de costumes e renovação dos valores perdidos.
Que o dito filósofo tenha adquirido amizade e admiração pessoal dos filhos de Bolsonaro e dele próprio é uma questão íntima que não nos cabe comentar, mas daí concordar que ele tenha uma posição privilegiada de eminência parda do Governo, nomeando e demitindo ministros, e, principalmente, o que é inaceitável, agredindo um grupo de militares do mais alto gabarito, profissionais integrantes da elite de nossas Forças Armadas com quem essa figura não teria nunca condições de se ombrear de forma comparativa, é conceder demais.
Quando do exercício do cargo de ministro-chefe da Casa Civil do honrado Governo de Itamar Franco, fui agraciado com a medalha da Ordem do Rio Branco – que me deu motivos de orgulho pela honraria que representa – e jamais poderia imaginar que essa homenagem seria prestada a quem nenhum serviço prestou ao país e, ao contrário, tem como prazer único tumultuar a gestão do atual presidente com postagens que melhor estariam inseridas no enredo de um filme pornô em face da linguagem e das falas que se permite pronunciar.
Peço a Deus, a todo o momento, que ilumine a mente do presidente Jair Bolsonaro e o faça ver o prejuízo que essa proximidade pode causar não só à sua autoridade como ao seu governo, e não seria demasiado que mandasse ser realizada uma pesquisa popular para avaliar o que o brasileiro pensa a respeito desse apátrida que a cada momento pode estar desgastando o seu prestígio alcançado a duras penas, inclusive com o risco à sua própria vida.
Por minha conta, promovi uma pesquisa telefônica, ouvindo inúmeras pessoas a respeito desse suposto professor, sobre quem nunca ouvi falar, a não ser agora e talvez por força de minha ignorância, e o resultado era o que seria esperado: muito poucas sabiam algo a respeito e o admiram, os demais não conhecem, não desejam conhecer, têm raiva de quem conhece e não entendem a relação com o presidente, considerando a sua presença como nociva ao país.
A minha maior esperança é que os generais Hamilton Mourão, Augusto Heleno, Villas Boas e Santos Cruz não se cansem de ouvir impropérios e levem em conta que para atingi-los a força teria que vir muito de cima, e não de tão baixo.
Uma coisa é certa: o povo em sua maioria está farto dessa falastrice e ainda continua confiando no Governo para quem ofereceu o seu voto.