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Um jeito franciscano de ser

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No dia 11 de fevereiro de 2013, portanto há dois anos, a comunidade católica – e não católica – foi surpreendida pelo pedido de renúncia do Papa Bento XVI, fato que se consumou no dia 28 daquele mês. Pouco tempo depois, no dia 13 de março, o nome de seu sucessor já era conhecido: o argentino Jorge Mario Bigoglio, que escolheu o nome de Francisco – sem numeral – para ocupar o lugar do alemão Joseph Ratzinger, transformado em Papa emérito. Não demorou muito para que novos ares tomassem conta da Igreja Católica, a começar pela própria fisionomia do Sumo Pontífice. Enquanto o primeiro primava pela sisudez, o segundo logo imprimiu sua marca: um sorriso aberto, sempre.

Enquanto Joseph Ratzinger possuía o dom de afastar fiéis por seu estilo nada carismático – ao contrário de seu antecessor, o polonês Karol Wojtyla – Jorge Bigoglio imediatamente demonstrou ter o dom de aproximar, de acolher. Mas as diferenças entre os dois papas não se restringem ao temperamento, à maneira de se relacionar com os fiéis. Elas se referem a questões de fundo.

Em um de seus primeiros grandes feitos, já que coube ao novo Papa a missão de comandar a Jornada Mundial da Juventude, realizada no Brasil em julho daquele mesmo ano, Papa Francisco disse a que veio: unir, congregar. E mais: encantar, seduzir, sobretudo os 3,7 milhões de jovens que participaram do evento. Como declarou o teólogo brasileiro Leonardo Boff em entrevista à “Carta Maior”, por ocasião do primeiro ano do papado de Francisco, “viemos de um rigoroso inverno” – numa referência metafórica aos pontificados de João Paulo II e Bento XVI -, mas agora temos um papa que professa “um cristianismo de profunda comunhão com todas as pessoas”.

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Com todas as pessoas mesmo. Um de seus principais motes tem sido, sem dúvida, a busca pela conciliação. Em seus quase dois anos de pontificado, o “franciscano” de corpo e alma andou por várias partes do mundo, visitando igrejas evangélicas, países onde há predominância de outras religiões que não a católica. Mas mesmo sendo um conciliador contumaz, não se furtou em colocar o dedo em algumas feridas, como a pedofilia e a corrupção, máculas da Igreja Católica que seu antecessor tentou varrer para debaixo do tapete.

Com simplicidade e ternura, Papa Francisco vem atendendo ao chamado de Deus propalado por Leonardo Boff por ocasião de sua escolha, ou seja, o de “restaurar a Igreja Católica”, como, nos dizeres deste teólogo, teria feito São Francisco de Assis na igrejinha de Porciúncula, na Itália. Difícil saber até que ponto ele conseguirá aplacar as ruínas deixadas pelos pontificados anteriores, durante os quais ocorreu em países como o Brasil – ainda hoje a maior nação católica do mundo – uma queda substancial do índice de católicos. A resposta só virá em 2020, no próximo censo geográfico, mas acreditamos que, com seu jeito “franciscano” de ser, possa evitar um desmoronamento.

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