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Não existe direito a depredação

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Eleições são institutos que existem na humanidade, com maior concordância de historiadores, a partir das civilizações gregas, com especificidade na cidade-estado de Atenas. Descritas como o auge do exercício da cidadania, é por meio delas que nossa democracia é colocada em prática e testada periodicamente. Nesse diapasão, o intuito das eleições é dar ao maior número de pessoas possível a possibilidade de escolha do seu representante – conferenciando, aqui, da campanha presidencial. E é importante frisar o óbvio: o resultado deve ser respeitado.

No Brasil, não ocorria nada diferente até o último domingo, quando a nação presenciou ações que foram no sentido oposto a princípios basilares do Estado Democrático de Direito: o respeito ao resultado das eleições e, acima de tudo, à Constituição Federal. Observamos atônitos os prédios-sede dos Três Poderes de nossa República serem invadidos, depredados e desrespeitados com a máxima arrogância e sentimento de impunidade. Tais feitos são resultados do tensionamento dos ânimos que vêm ocorrendo nos últimos tempos e, principalmente, com maior força, desde o início de 2022, ano eleitoral. E, nesse sentido, é importante que algumas questões sejam esclarecidas à população: é livre o direito de manifestação no Brasil, devendo esse direito ser defendido sempre. Mas depredação, agressão e violência não devem ser confundidas com protestos. Tais movimentos são crimes e, com o rigor da lei, devem ser combatidos de forma que não sejam considerados habituais e acabem por cair na vala da impunidade.

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A democracia, tão arduamente conquistada e instalada no Brasil, cujos defensores arderam nos porões de gestões autoritárias, não pode mais ser alvo constante de ataques. É chegada a hora da ampliação de investigações a fim de que não somente os criminosos depredadores sejam punidos mas, também, os financiadores de tais atos, haja vista o preparo que restou demonstrado no último domingo. Ao que tudo indicou, houve premeditação nas ações que resultaram no episódio brasileiro da invasão ocorrida em 2021 no Capitólio, nos Estados Unidos.

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Esperamos – todos nós que realmente podemos utilizar o rótulo de cidadãos de bem e que defendemos, de fato, a democracia, a alternância de poderes e a Constituição – que sejam feitas amplas e eficazes investigações, que as instituições saiam desse triste episódio de nossa história ainda mais unidas e coesas e que nosso país possa se recuperar do tão prejudicial extremismo político que assola a nação.

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