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Acidente ou descaso?

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Nos últimos anos, temos presenciado diversas tragédias que poderiam ter sido atenuadas e até mesmo evitadas se tivessem passado pelas devidas exigências e fiscalizações. Mas, por conta da negligência, acabamos perdendo vidas e a história de um povo.

Pensando nos casos mais recentes, podemos nos lembrar da queda da barragem em Mariana e da comoção e da revolta que não foram suficientes para impedir que outra barragem se rompesse em janeiro deste ano, em Brumadinho. Também pudemos ver a destruição causada por um incêndio no Museu Nacional, que já sofria há anos com o descaso e a falta de verbas, reflexo de uma população que não tem interesse nem costume de visitar museus (cerca de 70%, de acordo com as pesquisas do IPEA). Em abril, vimos o caos se instaurar no Rio de Janeiro depois de uma forte tempestade atingir a cidade, causando enchentes e deslizamentos, que também tiveram um papel importante no desabamento de dois prédios em Muzema, área que é comandada por milícias.

Tragédias podem acontecer em qualquer lugar e com qualquer pessoa, mas é a parcela mais pobre da população que costuma ser a mais afetada. O pouco que tinha vai embora, e depois não sobra mais nada além da fé para se reerguer.

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O Brasil sofre com problemas sérios por conta da falta de fiscalização e da liberação de verbas para que possam ser empregadas em melhorias para a população, mas, infelizmente, esse dinheiro, muitas vezes, acaba sendo desviado ou apenas não é suficiente para que obras de qualidade sejam realizadas.

O Governo e a população precisam entender que, quanto mais dinheiro for liberado para as construções, melhores materiais serão comprados e, depois, menos será gasto para as restaurações, pois a durabilidade será melhor. Assim, os reparos não precisarão ser feitos com tanta frequência nem colocarão em risco a vida das pessoas.

Uma coisa muito perceptível atualmente na humanidade é a falta de empatia. Os governantes, infelizmente, deixaram de se preocupar com a população, como se estes também não fossem influenciados por tais coisas. Ninguém merece perder seus bens e famílias por conta da negligência de outros.

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De todos esses casos, nenhum dos culpados foi realmente punido. Chegaram a ser intimados e até a ter parte de seus bens bloqueados, mas, no final, apenas uma negociação é capaz de aliviar a situação. Neste momento, muitas das pessoas que perderam tudo dependem de um ressarcimento que nunca será entregue, e a mesma revolta e a cobrança geradas quando o fato aconteceu não são mais vistas, visto que, com o passar do tempo, a população começa a se esquecer.

O que eu me pergunto é: mais quantas tragédias precisam acontecer para que as devidas prevenções sejam realmente tomadas?

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