José Eloy dos Santos Cardoso, economista, professor da PUC-Minas e jornalista
No segundo Encontro Regional para o Desenvolvimento da Zona da Mata, o presidente regional da Fiemg, Francisco Campolina, demonstrou com números o declínio econômico da indústria de Juiz de Fora e região. Entre as várias causas demonstradas, a Fiemg provou ser a diferença de alíquotas cobradas entre Minas Gerais e o Estado do Rio de Janeiro um problema a ser urgentemente resolvido. Na palestra, citou o exemplo da cidade mineira Além Paraíba, separada do Estado do Rio de Janeiro por uma ponte. Do lado mineiro, a taxa é 18%. Do lado carioca, 2%.
Entretanto, não podem ser apresentadas como as únicas causas do subdesenvolvimento regional. O ex-ministro Paulo Haddad, no livro “Para o Brasil voltar a crescer”, explica claramente que, sem que a comunidade queira de fato sair do lugar em que se encontra, nada de bom acontece. Ele chama isso de “endogenia”, ou seja, o desenvolvimento tem que se iniciar nas cabeças das pessoas. Sem que a comunidade queira de fato crescer e se desenvolver, nada acontece. Nenhum incentivo fiscal funciona.
Se a Zona da Mata conseguir baixar a alíquota para 2% como acontece no Estado do Rio de Janeiro, será ótimo, mas não o bastante. É necessário que aconteça algo mais. O funcionamento do Aeroporto Regional Itamar Franco é importante, mas a comunidade tem que fazer sua parte exigindo dos políticos regionais o cumprimento das promessas das campanhas políticas. Sem que os políticos regionais atuem em bloco junto com os empresários e a própria comunidade participe ativamente, nada de bom irá acontecer. Não adianta ficar querendo jogar a culpa nos governos ou nos outros. Culpados somos todos sem exceção.
O completo trabalho da Fiemg regional não pode nunca ficar enfeitando as gavetas dos organismos públicos e privados. Com indicadores econômicos fortemente negativos pedindo socorro, todos somos responsáveis. Este é o recado.