O recesso parlamentar termina em 1º de fevereiro, mas o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, resolveu usar seu prestígio pessoal e a repercussão do tema para convocar as lideranças partidárias para uma reunião em Brasília. Assunto: decidir o futuro da MP que reonera a folha de pagamento de 17 setores da economia.
Assinada por Dilma Rousseff em 2011, a desoneração visava especialmente a manutenção e criação de empregos nos setores que mais empregam. Desde então, a medida vem sendo reeditada, mas agora, o Governo decidiu acabar com o benefício aos setores e, desde então, tem enfrentado resistências no Congresso, que derrubou veto do presidente Lula à prorrogação da medida, e críticas do setor empresarial.
Substituir a desoneração por outras medidas que não afetem tanto o caixa do Governo federal é a forma encontrada pelo ministro Fernando Haddad para tentar atingir a meta do déficit zero, hoje quase impossível diante de um Congresso gastador, que não se importa em reduzir recursos de área como saúde e educação, para garantir R$ 5 bilhões para financiar campanhas municipais.
Haddad tem sido criticado dentro de seu próprio partido, o PT, por defender medidas que melhorem a qualidade do gasto público, acabando com os gastos desvairados daqueles que adoram usar dinheiro público na troca por votos.
A reunião poderá gerar um sério impasse político no país. Se a decisão das lideranças partidárias for mesmo a de devolver a MP, mantendo a desoneração, provocará um sério desgaste nas relações entre os Poderes que, certamente, atiçará os oposicionistas, enfraquecendo o presidente Lula.
Cautela e caldo de galinha, ensina o dito popular, não fazem mal a ninguém. A hora é de prudência. É preciso diálogo entre os Poderes e a classe empresarial, que se sente prejudicada com a reoneração proposta. Rodrigo Pacheco tem, até aqui, se mostrado aberto um bom articular e aberto ao diálogo. Que exercite seus dons políticos e busque o entendimento. Haddad, certamente, estará aberto ao debate. Fora deste campo do entendimento, o prejudicado será o país. Esta questão da reoneração das folhas de pagamento de setores tidos como os maiores empregadores é apenas um dos muitos assuntos a serem discutidos no Congresso este ano. Que deputados, senadores, Executivo, e a sociedade em seu todo, entendam que o diálogo é fundamental na construção de soluções.