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Um reino dividido não pode subsistir

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Certa feita, depois de expulsar um demônio do corpo de um homem cego e mudo, Jesus foi acusado por seus perseguidores de expulsar demônios por Belzebu, príncipe dos demônios. Jesus, então, responde a essa acusação dizendo que “todo reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá”, explicando que, se ele estivesse expulsando demônios em nome de Belzebu, então o reino demoníaco estaria dividido, e, assim, se destruiria. O princípio destacado por Jesus nessa passagem é de grande utilidade para as relações sociais e humanas: se os membros de um determinado grupo estiverem divididos – seja uma família, grupo de amigos, uma empresa, um estado, partido ou país -, brigando entre si, a força do grupo será abalada, possibilitando seu enfraquecimento e, até mesmo, sua destruição.

Ao fazerem parte de um determinado grupo, é esperado que os indivíduos que o compõem compartilhem de seus propósitos, de seus objetivos, onde todos devem assumir o compromisso de fazer o melhor para que os alvos e os objetivos do grupo sejam alcançados, para o bem-estar de todos. Sigmund Freud, em seu trabalho “Psicologia de Grupo e Análise do Ego”, fazendo citações do livro “Psicologia das Multidões” – “Psychologiedesfoules” -, de Gustave Le Bon, diz que, ao fazer parte de um grupo, o indivíduo particular chega a abrir mão de alguns de seus desejos e suas vontades particulares para fazer aquilo que é melhor para o grupo. Freud, citando Le Bon, diz que “num grupo, todo sentimento e todo ato são contagiosos, e contagiosos em tal grau que o indivíduo prontamente sacrifica seu interesse pessoal ao interesse coletivo”. Assim sendo, para se alcançar as melhorias e o bem-estar para o grupo, muitas vezes, o indivíduo deve abrir mão do desejo pessoal.

Infelizmente, vivemos em uma época em que as pessoas que fazem parte de determinados grupos têm colocado sua vontade e seu bem-estar pessoal acima do bem-estar de todos, em que todos querem ver seus desejos satisfeitos, mesmo que, para isso, tenham que causar um racha no grupo do qual fazem parte, seja ele a família, uma empresa, uma instituição, a cidade ou o país, e essa tem sido a causa do colapso de vários grupos que compõem a nossa sociedade.

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Estamos passando por um período marcado por divisões e disputas em diversos grupos da sociedade e, de igual modo, pode-se notar que muitas dessas divisões e disputas são fomentadas pela busca do desejo e da satisfação pessoal de alguns, em detrimento do bem-estar de todo o grupo e, até mesmo, de toda a nação. Nesse contexto, que venhamos sempre nos lembrar de que estamos todos no mesmo barco, e que, muitas vezes, nossos interesses particulares devem ser deixados de lado para que se alcance aquilo que é melhor para todos, para que o grupo possa subsistir.

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