“Cada qual para o que nasce. Cada qual com sua classe, seus estilos de agradar. O mundo só presta assim. Um é bom, e o outro é ruim. Quem tem mel dá o mel; quem tem fel dá o fel, quem nada tem nada dá!” As palavras que abrem o texto são o recorte da poesia nordestina “Sagrada escritura dos violeiros”.
O texto esconde a natural sabedoria daquele povo secularmente abandonado, mas que não abre mão de sua cultura e da crença em Deus. Mostra que as diferenças aparentes, expostas em um sistema social, afeta a todos, na justa medida que sempre estamos postos em condição de uma escolha. O que é bom ou ruim? Qual caminho seguir? Cada um dá o que tem. De fato o mundo é assim. Por isso mesmo Jesus ensinou: “Dai e dar-se-vos-á”.
Cada um de nós, em nossa rotina diária, distribui para o próximo do que possui, e vamos vida afora construindo nossa imagem pública e doméstica. Com que força moral podemos pedir simpatia, paz, igualdade social e dedicação, se não possuímos ou exemplificamos as mesmas virtudes? Quem tem fel dá o fel, diz o cancioneiro popular. Sejamos para os outros, ainda hoje, o que desejamos que eles sejam para nós amanhã.
Mesmo que estejamos atravessando a longa estrada do sofrimento e da incompreensão, vale lembrar que, por mais escura que nos pareça a noite, o dia raiará infalivelmente. Deus é Pai, jamais nos abandona. Sabendo disso, cabe-nos guardar a bênção do Mestre, restaurando o equilíbrio das correntes da vida onde permanecemos. Se por toda parte vemos injustos reclamantes da justiça e desdenhosos exigindo mais direitos, serenemos nossas emoções, avançando na tarefa a nós confiada, sem temor nas agruras e repletos de confiança com o Cristo.
Aceitar o Cristianismo como tal é renovar-se para as Alturas, com firmeza e constância em nossas tarefas de elevação, para que sejamos abundantes em ações nobres com o Cristo.
Renovemo-nos interiormente por meio da oração que nos eleva ao mais Alto, restaurando as próprias forças nas correntes superiores que fluem dos mananciais celestes, atribuindo-nos de condições para agirmos, ajudando, caminhar, criando ambiente de alegria e concórdia, aprendendo a compreender para edificarmos a esperança. Ampliemos novos horizontes ao conhecimento superior, melhorando a vida, onde estivermos, acionando nossos sentimentos, raciocínios e braços no progresso e aperfeiçoamento íntimo de tudo e todos, quanto se devotarem à Boa Nova.