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Não sou obrigada

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Em tempos modernos, um dos mais virais memes da web, além de música, passa a ser também um conceito. Se décadas atrás o “não sou obrigada” seria considerado petulância, hoje, é uma frase que resume bem as tendências do comportamento feminino, a partir das lutas por que passam as mulheres, diuturnamente.

Decerto, ainda há muitas discrepâncias entre as culturas referentes à figura feminina mundo afora e, embora haja uma evolução do comportamento, poder-se-á dizer que, no Brasil, grande parte das mulheres ainda precisa recitar: “Não sou obrigada”, já que vivemos num país machista, homofóbico, racista, desigual, (por vezes) anti-intelectualista etc. Tudo de forma tão explícita que, por exemplo, não fosse assim, não ocuparíamos o quinto lugar no ranking dos países com maior taxa de feminicídio do mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), são 4,8 assassinatos para cada cem mil habitantes. E as relações de poder oriundas do machismo na sociedade acabam por endossar vários outros tipos de violência contra a mulher. Mesmo assim, deve-se denunciar todas as formas de violação de seus direitos, garantias e liberdades!

Contudo a total emancipação feminina talvez não ocorra a curto nem a médio prazo. Longe da queima de sutiãs, o que temos para hoje, além da sororidade (relação de afeto, amizade, fraternidade, respeito e reciprocidade entre as mulheres), é o “não sou obrigada!”. Não sou obrigada a permanecer num relacionamento abusivo ou fracassado. Não sou obrigada a me calar diante de uma importunação sexual. Não sou obrigada a aceitar assédio moral (ou investidas) de patrão ou de colega de trabalho. Não sou obrigada a ser submissa a tudo e a todos. Não sou obrigada a estar com alguém para ser feliz. Não sou obrigada a ter filhos. Não sou obrigada a seguir qualquer padrão de beleza. Não sou obrigada a esconder minha sexualidade. Não sou obrigada a cobrir todo o meu corpo para sair. Não sou obrigada a aceitar cantadas na rua quando estou sozinha. Não sou obrigada a nada que me querem obrigar!

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No fim das contas, o que posso dizer é que sou mulher; sou mãe; sou filha; sou idosa; sou menina; sou solo; sou trans; sou plus size; sou negra; sou índia; sou refugiada; sou todas as minorias étnicas, religiosas e linguísticas; sou portadora de necessidades especiais; estou em situação de rua; sou vitimizada pela violência; choro pelo filho morto; sou ciência; sou arte; sou luta; sou inspiração; sou memória. Neste 8 de março (e em todos os dias), somos todas as mulheres do mundo!

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