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Leilane e Sirlei: mulheres e emblemas!

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Hoje é o Dia Internacional da Mulher! E muitos me perguntam: por que a escolha do dia 8 de março? A data, fixada pela ONU, não é aleatória. Em 8 de março de 1857, em Nova Iorque, um incêndio matou mais de uma centena de operárias de uma fábrica de roupas. O fato se deu num contexto em que as operárias americanas estavam engajadas na luta pela melhoria das condições de trabalho das mulheres nos Estados Unidos.

Esse acontecimento, portanto, constitui-se um emblema no longo, sinuoso e interminável processo histórico ao longo do qual se revela a luta das mulheres para se afirmarem como pessoas humanas (e não como coisas ou meros objetos) e como cidadãs (sujeitos de direitos fundamentais, e não meramente portadoras de deveres e obrigações para com os homens). E nunca é demasiado insistir neste ponto-chave: tais direitos não são dádivas, tampouco concessões, muito menos caridade por parte dos homens. Muito ao contrário: traduzem e expressam lutas, sofrimentos, resistências, insistências e persistências das mulheres ao longo dos séculos.

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É sabido que o fenômeno da violência contra as mulheres está presente em todos os recantos do mundo, independentemente da orientação política, econômica, religiosa ou moral de cada povo. Cuida-se de uma prática que não conhece recortes de classe, cor ou grau de escolaridade, embora – cumpre jamais perder de vista – o contingente mais numeroso das vítimas seja formado, como é o caso do Brasil, por mulheres pobres e negras.
Como quer que seja, nós, mulheres, somos movidas principalmente pela esperança. Não uma esperança fantasiosa, romântica ou ingenuamente crédula. Temos ciência e consciência de que há muito que caminhar. E esse ânimo, essa coragem e esse entusiasmo se viram particularmente renovados em mim – e certamente em milhões de mulheres brasileiras – quando duas mulheres nos mostram o quanto há em nós de garra, de generosidade e de solidariedade.

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Começo por Leilane Rafael da Silva. É ela a mulher que obstinadamente aparece tentando abrir a porta do caminhão atingido pela queda do helicóptero em que viajavam o jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quattrucci. Sem se preocupar com sua segurança, ela se esforçou por salvar a vida do motorista preso às ferragens. Enquanto isso, as imagens mostram várias pessoas (homens, em sua maioria!) ocupadas somente em filmar a tragédia, despreocupadas com aquilo que, para Leilane, se afigurava como essencial: a vida de um ser humano à espera de socorro. Perguntada depois sobre o ocorrido, ela disse: “Sinto que poderia ter feito mais”!

E é no contexto de outra tragédia – o rompimento da barragem de Brumadinho – que outra mulher nos impressionou: Sirlei Brito Ribeiro. Embora seu ato não tenha contado com o registro de câmera alguma, ele não deixa de ser representativo. Ela é uma dentre as quase 200 vidas que se perderam graças ao rompimento (criminoso e hediondo) da barragem de Brumadinho. Advogada e ambientalista, ela morava a 500 metros da barragem. Lutava, há anos, contra os desmandos da Vale do Rio Doce e em favor dos moradores locais. Quando houve o rompimento e a avalanche de lama veio em direção à sua casa, ela e outras pessoas começaram a correr. Mas eis que se deu conta de que, na casa, havia ficado uma cachorrinha de estimação. Sirlei decidiu voltar e – sem levar em conta a preservação da sua própria vida – retornou para buscar o bichinho. Não deu tempo. Ela acabou perecendo, juntamente com o animal.

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Leilane e Sirlei: mulheres, brasileiras, emblemáticas! Neste Dia Internacional da Mulher, elas representam o que há de melhor na alma feminina: a disposição para a luta e a convicção de que toda forma de esperança e de solidariedade vale a pena!

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