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Mulheres: brava gente!

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Hoje é o Dia Internacional da Mulher. Mas qual o porquê dessa data? Na verdade, ela nos remete, principalmente, a dois eventos capitais no árduo processo ao longo do qual a mulher se percebe como sujeito histórico capaz de bradar contra as injustiças e de romper as amarras da opressão. Sujeito histórico, portanto, forjado na luta e que aos poucos vai se afirmando como pessoa para, então, se qualificar como cidadã, ou seja, como detentora do “direito a ter direitos”, nos termos da emblemática fórmula de Hannah Arendt.

Com efeito, o primeiro desses eventos ocorreu no dia 8 de março de 1917 e teve como cenário uma Rússia em crise, engolfada na Primeira Guerra Mundial. Em Petrogrado (hoje São Petersburgo), as operárias das indústrias têxteis deixaram as fábricas e foram para as ruas protestar contra a fome e as péssimas condições de trabalho, pedindo também o retorno dos seus maridos e irmãos, envolvidos num conflito que já havia tirado a vida de milhões de soldados russos.

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O segundo e marcante acontecimento – cujo desfecho também concorreu para que viesse a ser instituído o Dia Internacional da Mulher – deu-se em Nova Iorque, no dia 25 de março de 1911. Essa data assinala o trágico incêndio na fábrica de roupas Triangle Shirtwaist, onde 146 pessoas – 23 homens e 123 mulheres – morreram queimadas ou pereceram ao se lançarem das janelas do edifício em chamas. Não havia como escapar do fogo, porque as portas da fábrica estavam trancadas por ordem dos próprios patrões, que assim agiam para melhor controlar o horário e a produção das operárias.

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Nos dias que correm, as mulheres enfrentam a luta de dar concretude aos direitos conquistados e formalmente consagrados, seja no âmbito da legislação nacional, seja na esfera do sistema internacional dos Direitos Humanos.

Em nosso cotidiano profissional – na Delegacia Especializada de Atendimento Mulher -, testemunhamos, concreta e diretamente, os bárbaros atentados contra a dignidade das mulheres. Mas também temos presenciado uma maior e mais esclarecida consciência, além de uma maior determinação das mulheres no sentido de romper o silêncio imposto pela violência.

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Neste Dia Internacional da Mulher, nosso olhar se volta sobretudo e principalmente para as vítimas dessa violência. Aqui, lembrando um poema de Drummond, diríamos nós que elas estão taciturnas, mas nutrem grandes esperanças. Por isso nos animamos a dizer, hoje e em todos os dias: parabéns, mulheres, brava gente!

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