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Responsabilidade e responsabilização

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O mundo segue sofrendo com as consequências climáticas, com a fome e a miséria para grande parte da população desigualmente espalhadas pelo globo e pelos territórios e ainda mais com as guerras, que além de piorar as chagas anteriores, trazem insegurança e risco para toda humanidade!
Não cabe mais a indiferença para o que está ocorrendo, principalmente, para quem professa a fé em Cristo que veio pregar a paz, a solidariedade e o cuidado com o bem comum! E isso implica em apontar as causas e as responsabilidades para o que vem ocorrendo, relembrar os erros do passado e se implicar ativamente nas ações que visam superar essas condições, como tem constantemente afirmado o Papa Francisco.

Em memória dos 80 anos do desembarque dos aliados na Normandia para livrar o mundo do nazismo, o Pontífice afirmou que “seria inútil e hipócrita recordá-lo sem condená-lo e rejeitá-lo definitivamente”. “Os povos desejam a paz! Desejam condições de estabilidade, de segurança e de prosperidade” e “arruinar esta nobre ordem de coisas por ambições ideológicas, nacionalistas, econômicas é uma falta grave diante dos homens e diante da história, um pecado diante de Deus’.

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Também no dia de ontem, o ministro da economia do Brasil Fernando Haddad se reuniu em audiência com o Santo Padre para “mantê-lo a par dos propósitos do Brasil, e colocar o governo brasileiro à sua disposição para os temas que são tratados pelo Vaticano e que dizem respeito ao sentimento dos brasileiros por um mundo mais fraterno, por um mundo de paz, por um mundo de liberdade”, segundo ele afirmou em entrevista. Um dos caminhos apontados pelo país na ocasião é a tributação mundial de grandes fortunas para o combate à fome e às consequências das mudanças climáticas de forma coordenada.

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Na contramão, uma edição especial do Jornal Nacional da última segunda feira teve a intenção de “fixar as imagens do ocorreu” na tragédia recente do RS. Eram imagens que apenas mostravam a destruição, o desespero das pessoas e o pavor dos animais, como se fossem vítimas da fúria das águas e da natureza, uma vez que nada foi dito sobre as verdadeiras responsabilidades sobre os eventos. Tampouco, mostrou-se a rede de solidariedade e as várias ações e medidas tomadas para socorrer as pessoas e o estado!

Em texto recentemente publicado, o Monge Marcelo Barros nos ensina que não se trata de vingança da natureza, e diz que o que ocorreu no Sul, “promete se repetir em outras regiões, nas quais a mineração destruiu rios, a especulação imobiliária ocupou desordenadamente espaços vitais da natureza e os biomas estão seriamente ameaçados de extinção”. E por isso, podemos e devemos interpretar que sociedade dominante tem grave responsabilidade sobre o que está acontecendo a partir da crise ecológica que vivemos e sobre a multidão de pessoas refugiadas não apenas de guerras e violências sociais e políticas, mas também das calamidades ecológicas.

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É preciso que sejamos conscientes em nossas ações e solidários com os que mais sofrem as consequências, mas é também preciso apontar as responsabilidades e cobrar a responsabilização por tantas tragédias humanitárias e climáticas para que contribuam concretamente para superá-las.
Nos evangelhos, Jesus adverte: “Quando vocês veem uma nuvem se levantar no poente, sabem que virá chuva. Quando sentem soprar o vento sul, dizem que vai fazer calor. E assim acontece. Hipócritas! Vocês sabem avaliar o aspecto da terra e do céu. Por que não sabem avaliar o tempo presente?” (Lc 12, 54-56).

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