É preocupante, quase assustador mesmo, a carência de lideranças reais na vida política brasileira. O quadro se agrava com a radicalização e a mistura estratégica de política e religião, um jogo que visa exatamente impedir o surgimento de lideranças novas, mantendo, até quando não se sabe, a disputa entre Lula e Bolsonaro, agora, e direita e esquerda por anos a fio.
Não se enxerga no horizonte próximo o surgimento de nomes com reais capacidades de liderar um movimento de mudança política no país. Os que vão despontando, apesar de sufocados, e até aqui, são nomes ligados ao que se convenciona chamar de direita, são insípidos e que certamente terão dificuldades em decolar numa disputa nacional.
Pelos lados da esquerda, nem isto. Lula ainda permanece como único nome do grupo, apesar de todo o seu desgaste junto ao povo, mesmo nas camadas mais pobres. Lula “perdeu o charme” com suas trapalhadas e o esvaziamento dos sindicatos e das lutas políticas pela liberdade democrática. Lula perdeu o apelo popular com as denúncias de corrupção envolvendo seu nome e seu partido.
Se Lula perdeu, Bolsonaro, o adversário escolhido, tem sido impulsionado por grupos ditos à direita, que usam e abusam da religião. São estes grupos que organizam e lotam as manifestações pró-Bolsonaro e que deverão comandar a campanha e, em caso de vitória, um possível novo governo. Bolsonaro, que precisa superar primeiro seu impeachment, se vencer, será para governar, tão dependente dos grupos religiosos quanto Lula, e hoje dependente dos espertalhões que se dizem de centro. E não há nada que indique uma possibilidade de mudança no quadro.
Lula, apesar de parecer fora de órbita – lembra Joe Biden – é candidatíssimo até por falta de opção eleitoral viável da chamada esquerda. A direita ainda poderá ter que lançar outro nome, por força da lei. Mas tenham certeza, o quadro não muda. Neste processo temos, correndo por fora, alguns nomes de atuais governadores – Zema, Caiado e Tarcísio com maior destaque – mas com um horizonte difícil. Faltam lideranças, municipais e estaduais, para carregar as candidaturas entre os eleitores.
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