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Pluralidade, verdade e respeito

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Hoje vivemos em um mundo plural. São muitas as vozes e as cosmovisões. No passado, as coisas pareciam bem definidas, mas hoje tudo está sujeito a rápidas transformações. As contínuas novidades da ciência e da técnica nos colocam diante de um mundo cujo horizonte de compreensão e ação muda constantemente. Muitas profissões tornam-se obsoletas em pouquíssimo tempo. Somos impelidos à criatividade. Com tudo isso, é nossa vida que parece muitas vezes perder as raízes. As culturas são desafiadas pelas rápidas transformações.

O modo de pensar e de entender a vida e as relações também muda. O sociólogo Zygmunt Bauman (1925-2017) fala de mundo e vida líquidos. A metáfora da liquidez se mostra apta para falar da facilidade com que as coisas recebem continuamente novas formas. O líquido muda facilmente a sua forma de acordo com os contornos do recipiente.

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Diante dessa condição, muitos se assustam. Querem segurança, mas se deixam capturar pela rigidez. Cultivam um espírito belicoso, sem a mínima abertura. Inquietam-se e perdem a paz. Vivem de angústias.

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Há também os que se engajam em extremismos políticos regados a fake news e distorções da realidade para defender seu ponto de vista. Em nome da ideologia, sacrificam a realidade. Querem a sua verdade, mas se fecham à verdade que está no outro.

Outros, enfim, entregam-se simplesmente ao espírito do tempo e deixam-se arrastar para lá e para cá ao sabor das ondas do momento. Como um líquido, sujeitam-se às mais diversas formas. Vivem de superficialidades, sem raízes, e podem acabar até equiparando o bem e o mal.

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Certamente não podemos cair no niilismo, que, em síntese, é a visão de que nada tem consistência ou valor (nihil em latim = nada). No limite, o niilismo leva à indiferença diante da verdade e da mentira, do bem e do mal. Se não há nenhuma verdade, então Deus, Lógos incriado não existe. Dizer que não há bem nem valor algum significa negar, em última análise, o Bem eterno. Mas Deus existe, e o ser humano pode buscar e encontrar a

Luz e o Amor! A Verdade, que é Deus, ultrapassa o raciocínio humano e convida a colocar-nos em atitude de abertura e escuta do Mestre interior.
Pelo fato mesmo de Deus ser Luz e Amor, a vitória sobre os desafios do tempo não pode assumir os contornos do fundamentalismo, do obscurantismo, da rigidez ou do ódio. Se a verdade liberta, só o amor passa credibilidade. Verdade e amor devem estar de mãos dadas.

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Por causa da dignidade inviolável de cada ser humano, devemos respeitar cada um, mesmo que não concordemos com suas ideias e sua cosmovisão. Resguardados a boa convivência e o bem comum, devemos aprender a tolerar o diferente. Não o fazemos em nome do relativismo, mas por causa de uma grande verdade ontológica e ética: a dignidade da pessoa e o amor que ela merece.

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