Enquanto o Brasil tiver pessoas populistas e incapazes, será muito difícil caminharmos a largos passos em direção ao crescimento e ao desenvolvimento sustentáveis. Enquanto vejo passeatas e arruaças, como a invasão dos prédios públicos que ocorreu recentemente, lembro-me bem de meus tempos de estudante de Economia no início dos anos 1960. Mais de 60 anos se passaram. O Brasil e outros países se transformaram, mas ainda existe uma multidão de desinformados.
Nos anos 1960, a Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG tinha também os cursos de sociologia e política. A revolução cubana estava no auge. Entre os matriculados em sociologia e política tinha também esquerdistas de primeira hora. Uma manchete do jornal Estado de Minas chamou a atenção pela seguinte frase: “Casal jovem, recém-casado, de partida para Cuba para defender a revolução dos barbudinhos”.
Mais de 60 anos se passaram. O Brasil e outros países se transformaram, mas ainda existe uma multidão de desinformados. Por aqui, ainda existe cerca de nove milhões de analfabetos ou analfabetos funcionais, que são aqueles que, mesmo tendo cursado três anos de escola primária, ainda não são capazes de ler e entender um livro ou saber, com precisão, fazer as quatro operações aritméticas fundamentais: somar, diminuir, multiplicar e dividir. Ainda é grande o número de pessoas que não são consideradas totalmente alfabetizadas, não leem jornais e revistas e não são capazes de entender bem o noticiário de jornais ou das TVs.
O fato é que fica fácil para certos políticos enganarem com falsas informações ou promessas impossíveis de serem cumpridas a essa grande parcela populacional. O chamado produto potencial brasileiro, em grande parte, ainda está desempregado. Se houver um rápido programa de incentivo às produções, os setores produtivos poderão retomar parcialmente suas produções sem investir quase nada. Nesse ponto de vista, ainda temos uma pequena vantagem diferencial.
Mais do que criticar o governo que saiu ou o que entrou, os movimentos de rua deveriam apresentar e apoiar boas ideias para o Brasil realmente deslanchar. A cartilha de “governo golpista” de nada adianta nem fará a economia diminuir o desemprego dos fatores de produção em geral. Os setores da imprensa falada e escrita e seus colunistas deveriam rever e reformular seus conceitos. No momento atual, escolher um novo Juscelino Kubitschek é impossível.