É um ditado popular – sem qualquer relação com pessoas – que espelha bem como anda a política brasileira: “Balaio de gato com um cachorro dentro”. É exatamente assim que está a formação das chapas e coligações para as eleições municipais, pré-palanque das eleições de 2026. Ninguém consegue entender quais critérios, se é que eles existem, para as composições que estão sendo anunciadas Brasil afora. Não são, certamente, composições políticas.
O país tem, desde novembro do ano passado, 29 partidos regularizados, mas que, olhados de perto, não apresentam clareza ideológica. Os que tentam se mostrar ideologizados, se mostram radicalizados, em defesa de teses superadas e distantes da realidade política. A maioria mostra o que é na realidade: a estrutura formal de sustentação de jogos de interesse de falsas lideranças.
As composições que estão sendo feitas para as disputas desde ano mostram bem o nível do jogo político. Partidos se aliam em torno de possibilidades de vitória, sem quaisquer compromissos com propostas para atender o cidadão. Políticos (?) vão formando coligações baseados em chances do candidato, não raramente nomes sem experiência e, pior, sem perfil para a vida pública.
E o eleitor alimenta esta situação. Elege, muitas vezes com enxurradas de votos, candidatos sem qualquer preparo para os cargos e compromissos para com a população. São populares dentro de suas atividades e se aproveitam disso para se aventurarem na política, um bom caminho para enriquecer. Nossa política, em todos os níveis, está abarrotada de casos assim.
Duro de reconhecer, mas a cada eleição vamos, como previa Ulysses Guimarães, piorando o nível de nossos políticos. A consequência mais imediata? A radicalização como estamos assistindo agora. Uma radicalização que começa agora, nas disputas municipais, para, infelizmente, explodir em 2026, quando, tudo indica, teremos uma disputa violenta e de baixo nível.
Não é pessimismo. É realismo. Em dois meses estaremos decidindo o futuro da enorme maioria das cidades brasileiras.
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