A primeira afirmação de Maria nos Evangelhos ocorre quando da Anunciação. Maria anuncia seu despojamento e se mostra disposta a cumprir a vontade de Deus acima de tudo. Em seguida, viaja para acompanhar sua prima que necessitava de cuidados. Estes dois gestos, disposição em servir a Deus e ao próximo, são seguramente premissas para todo cristão. Em sua mais extensa fala, Maria, ao louvar a Deus, engrandece sua alma por Deus olhar para os humildes.
Anuncia que a força do braço de Deus dispersará os orgulhosos, deporá os poderosos de seus tronos. A mesma força de Deus, segundo Maria, saciará os famintos e despedirá os ricos sem nada (Lc 1, 46-55). De uma forma corajosa e poética, aquela mulher simples e despojada do povo comunica a vontade de Deus. O seu discurso questiona valores que ainda predominam em nosso tempo. Dizer que Deus escolheu uma mulher, pobre, que nem marido tinha. Diz que Deus gosta é dos humildes, dos famintos. Que Deus quer o fim da acumulação de bens é algo que até hoje convoca os cristãos; provocar transformações aproximando o mundo da vontade de Deus.
Nas bodas de Cana, sua intercessão foi decisiva bem como a exortação dela aos serventes, que ecoa até hoje para cada um de nós: “Fazei tudo o que Ele disser” (Jo 2, 5). Primeira discípula e exemplo para todos. Exemplo de força: só ela, a outra Maria e um jovem tiveram a coragem de estar junto a Jesus quando Ele estava mergulhado em desgraça, que sobraria para os que estivessem juntos. Acompanhou os apóstolos na primeira fase de clandestinidade e perseguição à Igreja nascente.
Não há nela algo que se relacione a uma linha catequética equivocada que a mostrava como modelo de submissão para as mulheres. Modelo, sim, de amor e coragem para todos os que queiram servir a Deus. Nosso povo tem razão em sua piedade e em reconhecer nela um rosto materno de Deus. Pois como anunciou Gabriel, o Espírito do Senhor montou nela uma tenda, ela nos trouxe a Luz e nos ensinou como segui-la. E revelou que Deus, além de Pai Criador e zeloso, é também Mãe de infinita ternura. Através dela, essa coluna leva seu carinho a todas as mães, nesse mês das mães e da devoção mariana.