Oficialmente, são duas as principais razões que levaram o Conselho Superior da UFJF a decidir pela suspensão do calendário acadêmico: a greve dos servidores técnico-administrativos da UFJF e a escassez de recursos financeiros. Ora, que a greve dos servidores tenha contribuído para a presente situação é absolutamente inaceitável. Digo isso sem me importar com os detalhes que justificaram a decisão do conselho, como, por exemplo, o fato de que as matrículas dos calouros dependem dos servidores. Ao contrário: o exame verdadeiramente sensato da situação exige a completa abstenção da abordagem dessas miudezas. Explico.
Se você quiser se deslocar do Parque Halfeld para o Parque da Lajinha, encontrará pequenas dificuldades e alguns imprevistos, podendo até justificar por que foi parar na Praça da Estação. De fato, haverá mil razões que o impedirão de ir ao seu destino, assim como há mil razões que um viciado alegará em favor da compra de drogas. Nesse nível de detalhes, ninguém convence ninguém de nada; é preciso enxergar mais do alto e ter uma visão de conjunto para inteligir os aspectos realmente essenciais e superiores – permanecer na Praça da Estação enquanto se quer chegar ao Parque da Lajinha é um erro monstruoso. Isso é intuitivo e mais forte do que qualquer outro argumento.
Infelizmente, não é só um erro monstruoso, é também aberração moral uma universidade pública suspender as aulas porque os servidores da administração querem aumentar seus salários. Dito isso, não há o que explicar. Trata-se de uma afirmação tão óbvia quanto dizer que não se deve dar drogas a um viciado. Haverá algo mais insano do que discutir o preço das pedrinhas de crack? Pois é o mesmo que discutir “civilizada e racionalmente” as miudezas tecnocráticas e politiqueiras que impedem o início das aulas. É uma discussão danosa à inteligência e deve ser rejeitada. Apenas uma única coisa deve ser feita: sair da Praça da Estação imediatamente.