Desde criança, eu tinha uma intuição: que Deus nos dava uma missão. Quando me converti cristão, lendo os profetas, sentia grande empatia com os chamados, mas ao ler São Paulo, a Primeira Epístola aos Coríntios (cap. 12 e 12), fiquei convencido de que todos somos chamados por Deus a receber gratuitamente a salvação e a receber o dom de ser um profeta do Senhor, não em sua plenitude, todos nós, mas com humildade, ser exemplo e a voz da Palavra de Deus.
Há diversidade de dons, mas um só Espírito. Os ministérios são diversos, mas um só é o Senhor. Há também diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito para proveito comum. A um é dada pelo Espírito uma palavra de sabedoria; a outro, uma palavra de ciência, por esse mesmo Espírito; a outro, a fé, pelo mesmo Espírito; a outro, a graça de curar as doenças, no mesmo Espírito; a outro, o dom de milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, a variedade de línguas; a outro, por fim, a interpretação das línguas. Mas um e o mesmo Espírito distribui todos estes dons, repartindo a cada um como lhe apraz (1 Cor 12, 4-11).
Acredito que, em maior ou menor grau, todos sejamos profetas do Senhor. Deus nos escolhe e nos envia para anunciar sua mensagem de amor. Anunciar que Jesus veio ao mundo pregar o amor a Deus e ao próximo, que seguir seus ensinamentos não é ônus, mas bônus, pois ele alivia nosso sofrimento, ensinar-nos a viver melhor. Por tanto nos amar, foi pregado na cruz, amor que dá a vida pelos que ama, é a ovelha perfeita para o holocausto, e por seu sangue recebemos a libertação do jugo do pecado. Jesus é Deus que se fez homem, para que sejamos filhos de Deus.
Livres dos vícios e preconceitos, podemos viver bem e felizes, porque foi para que desfrutássemos da felicidade que nos redimiu. Todos os nossos dons são presentes de Deus. E Cristo nos ensinou que, por tudo isso, nós devemos também o bem repartir, sem nenhum tipo de injustiça admitir.
Porém, ser profeta neste mundo não é uma tarefa fácil. Para começar, temos uma realidade dura e miserável. Uma legião de pobres, porque salário baixo faz do pobre sofredor, sem transporte digno, sem moradia decente, sem assistência médica mínima, exposto a bebidas, drogas, toda a sorte de vícios. Com um resultado nefasto: crianças famintas, sem lar, cheirando cola, roubando ou ficando a mendigar. Esta é a realidade herdada, quase um pesadelo, mas na medida para que todos os profetas chamados por Deus possam transformar, e uma nova utopia criar, a utopia cristã, do amor e da justiça.
Apesar de dizer utopia, tenho plena convicção de que isso seja uma missão possível, porque para Deus nada é impossível. Quem é chamado por Deus recebe os meios necessários para cumprir sua missão, nisso podemos ter fé. E é nessa consciência do que somos, fortes e idealistas, restaurados na oração, destinados a construir um mundo sincero e irmão. Desde os primórdios, os sacerdotes enviavam os cristãos para transformar suas comunidades com um lema em latim que acabou cunhando a reunião de “missa”; para mim, em todo final de missa, eu continuo a ouvir e encarar como “missão”: Ite, Missa est! Ide, enviados estão!