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A tradição que não se pode apagar

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Não é fácil registrar protesto quando o assunto é apartidário.

Não se deve temer por prováveis consequências indesejadas quando o assunto nos perturba, em cada segundo da informação que nos chega em profundidade e entrando pelos poros.

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Tudo o que se refere a leitura e bibliotecas públicas ou escolares impõe-se como discussão imperiosa e inadiável, sobretudo em cumprimento a juramentos proferidos em formação acadêmica, ou a experiências particulares, nesse exato ramo que tem por finalidade beneficiar não a si própria, mas a toda uma comunidade.

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Assim sendo, meditei muito sobre a importância ou não de estar neste espaço jornalístico, tentando me aquietar, na obrigatória defesa e atitude de jamais desistir de lutar ou clamar por instituição histórica, centenária, consolidada por grandes e meritórios nomes, seja de fundadores, beneméritos, pesquisadores, ou usuários de todos os tempos ou idades.

Ao tomar conhecimento do caderno ou revista especial intitulada “Juiz de Fora Polo Cultural”, publicado em 5 de setembro de 2022 pelo jornal Tribuna de Minas, onde ali se discorre longamente sobre ações, acontecimentos da nova gestão, espaços de arte, artistas, parada gay, Miss Brasil Gay, museus, música e músicos, qual não foi a tristeza de ali não encontrar uma linha, ou sequer citação, da centenária Biblioteca Municipal Murilo Mendes, hoje em sede própria, após um longo tempo de luta para que tivesse uma arquitetura condizente. Arquitetura essa que, embora ainda com sérios problemas de circulação de ar, falta de elevadores e outros pequenos detalhes, é citada como referência elogiosa em publicação do MinC/Fundação Biblioteca Nacional, Coordenação do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, Rio de Janeiro, 2000, 160p.

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Falar da Biblioteca Municipal Murilo Mendes, sediada no Espaço Bernardo Mascarenhas, é motivo de orgulho! Tem uma alta e significativa frequência de estudantes, pesquisadores, crianças, jovens, trabalhadores, com profissionais dedicados, muito embora em número insuficiente, sempre requerendo atualização para os tempos contemporâneos em constantes e vertiginosas mudanças.

Com o Brasil vivenciando na atualidade um tenebroso obscurantismo cultural inimaginável, com desmontes de toda ordem, espero que a nossa Juiz de Fora seja exemplo de resgate exemplar também na poderosa área da biblioteconomia, sobretudo na instituição pública, que mais se aproxima de abrangentes serviços de formação de leitores e de educação incontestavelmente libertadora!

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E, para finalizar, recorro a Voltaire, o filósofo iluminista: “Não concordo com o que dizes, mas defenderei até a morte o direito de dizê-lo”.

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