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Getúlio Vargas x Dilma Rousseff

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Em conversa com repórteres, a presidente Dilma citou o ex-presidente Getúlio Vargas. Entre outras palavras, ela enfatizou o que disse na época o jornalista Carlos Lacerda, ferrenho opositor de Vargas: Getúlio não deve ser candidato; se for candidato, deve ser impugnado; se vencer as eleições, não deve tomar posse; e, se for empossado, não governa. Getúlio venceu as eleições em 1950, disputando com o brigadeiro Eduardo Gomes e o mineiro Cristiano Machado. Ela quis estabelecer um paralelo com a situação atual, na qual ela se encontra com baixa popularidade, com Vargas que, nas eleições de 1946, já deposto e exilado em São Borja-RS, foi eleito deputado federal e senador por vários estados da federação.

Não havia, naquela época, a obrigatoriedade do domicílio eleitoral. Eleito, Vargas passou a ser massacrado por Carlos Lacerda, que, diuturnamente, lançava manchetes garrafais no seu jornal, a “Tribuna da Imprensa”, contra Getúlio. Getúlio havia autorizado um empréstimo do Banco do Brasil para Samuel Wayner montar um jornal, “Última Hora”, como forma de defender o seu governo.

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Vargas chegou ao poder por uma Revolução, a de 1930. Até 1937, governou com o Congresso aberto. De 1937 até outubro de 1945, governou num regime discricionário, o Estado Novo. Foi um período de muito obscurantismo na história do Brasil. Fechou todas as casas legislativas no país. Era um ditador centralizador, criou a Polícia Especial, que agia com violência, comandada pelo capitão Filinto Muller.

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O Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), além de fazer sua parte cultuando a personalidade do ditador, cuidava da censura. Enfrentou dois levantes, um de cunho comunista, protagonizado por Luiz Carlos Prestes, em 1935, e outro em 1938, realizado pelos integralistas liderados por Plínio Salgado. Conseguiu sufocar os dois levantes.

Após a queda em 1945, foi para seu estado, Rio Grande do Sul, permanecendo lá por quatro anos em completo isolamento, inclusive de familiares, na Estância de Santos Reis, em Itaqui-RS. Recebia semanalmente a visita do ex-presidente João Goulart. Saiu de lá para disputar a eleição de 1950. No ano de 1954, a crise se tornou insustentável para Vargas, com a morte em atentado do major da FAB Rubem Florentino Vaz, que fazia a guarda do jornalista Carlos Lacerda.

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Com isso, Getúlio comete o suicídio em 24 de agosto daquele ano. Até hoje não há relato na história que compare as milhares de pessoas que acompanharam o esquife de Vargas do Palácio do Catete até o aeroporto Santos Dumont no Rio de Janeiro. Vargas, apesar de ditador, foi o maior estadista da nossa história contemporânea. Era um erudito e teve assento na Academia Brasileira de Letras.

Quando acadêmico, em 1903, foi um dos oradores nas exéquias do positivista Júlio de Castilho, de quem foi seguidor. Seu legado maior foi proteger os trabalhadores quando referendou a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). No dia 24, fez 61 anos da sua morte.

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O que ocorre hoje é muito diferente dos fatos ocorridos nos idos de 1954. Os personagens são diferentes: um, erudito, que pensava como estadista; o outro, a presidente que nos governa, tem muitas dificuldades com o vernáculo, além de uma biografia anêmica que em nada a enobrece. Havia corrupção naquela época, sim, havia. Mas não de forma a reduzir quase que a zero a maior empresa brasileira, a Petrobras, criada pelo saudoso presidente Getúlio Vargas em 1953.

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