Terminou no dia 22 de julho o 15º Encontro das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), que reuniu em Rondonópolis (MT) 1.500 participantes. Ao som da música “Utopia”, cantada por seu autor, e dançada por todas as pessoas presentes – inclusive bispos e padres que acabavam de celebrar a missa de encerramento -, foi anunciada a realização do próximo encontro intereclesial, no estado do Espírito Santo, em 2027. Essa manifestação de alegria é sinal de vitalidade da Igreja católica nos bairros e comunidades de periferia do Brasil, onde as CEBs criaram suas raízes.
Tendo aplicado o método “ver, julgar e agir”, os e as representantes de comunidades iniciaram sua reflexão constatando o sofrimento do povo, agravado pela pandemia de Covid que não foi convenientemente tratada pelo governo. Embora percebam agora sinais de melhora, sabem que ainda há muito a fazer para se chegar à “vida plena para todos e todas”, como proclama o lema do encontro.
Seguindo o apelo do Papa Francisco, de ser Igreja em saída, as CEBs “se ressentem pela falta de apoio de parte significativa do clero”, embora sintam-se fortalecidas “por um grupo de bispos, padres, religiosas e religiosos que caminham juntos, na trilha da Igreja Povo de Deus”. Afirmam sua “grande esperança no processo sinodal em curso, fomentando um imenso sonho de comunhão e participação em todos os âmbitos eclesiais, por uma Igreja toda ministerial, superando o clericalismo.”
A carta enviada a todas as comunidades reafirma a importância da Palavra de Deus inserida na vida do povo, porque ela “recria os caminhos de libertação, sob o impulso do verbo sair, que funciona como um fio condutor de toda a nossa existência. De Gênesis a Apocalipse, a caminhada do povo de Deus se deu sob a inspiração da Divina Ruah, fomentando um permanente sair. Do ventre da mulher ao ventre da pachamama, saímos sempre em busca da vida plena.”
A ação será então moldada pelo cuidar. “Cuidar para não perdermos o entusiasmo, para não banalizarmos a missão, para que as CEBs sempre tenham o coração ardendo pela Palavra e os pés firmes na caminhada do povo periférico”. Concretamente, “cuidar dos grupos bíblicos de reflexão, da memória martirial e profética, das estruturas de comunhão e participação, do protagonismo das mulheres e das juventudes, da vida plena dos povos originários, da aliança e parceria com os movimentos populares, da força da sinodalidade que está na comunidade e dos processos de formação permanente. E em tudo, valorizar a força dos pobres nas iniciativas comunitárias e não deixar que nos roubem as comunidades!”
Com esse novo alento, o Povo de Deus que se organiza nas Comunidades Eclesiais de Base reforçou sua Esperança de avançar na construção do Reino de Deus em nosso país. Começa agora a preparar seu próximo encontro intereclesial, confiante que será acolhido por Nossa Senhora da Alegria, que do alto da Penha, no Espírito Santo, acompanha a caminhada de suas filhas e filhos.