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Eleição causa nostalgia

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Confesso que este período de propaganda eleitoral que está começando me causa nostalgia. Ouvindo os candidatos prometendo solução para todo e qualquer problema do cidadão, seja de qualquer idade, volto à minha longínqua infância, quando me emocionava com as histórias de fadinhas e outros heróis que resolviam todos as dificuldades num passe de mágica, num balançar da varinha de condão.

Ouvindo os candidatos fico sabendo que, se ele vencer, já a partir do ano que vem, não vou mais pagar transporte coletivo. Poderei chegar a qualquer hora num posto de saúde que terei atendimento rápido e de qualidade. Poderei andar em segurança pelas ruas, pois haverá segurança e não haverá mais o incômodo dos pedintes, pois os miseráveis que hoje moram nas ruas estarão assistidos e protegidos pelo poder público. Lazer não faltará, as escolas terão outro nível de qualidade. Enfim, viveremos em outro planeta, diferente deste planeta terra de tantas desigualdades.

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Ouvindo os discursos de campanha de todos os níveis de poder fico imaginando como todos estes problemas ainda existem, apesar de anos de promessas de milagre. E me questiono: por que prometer o que, de antemão, se sabe que não irá cumprir?

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Churchill, quando assumiu o poder na Inglaterra – já citei isso em outros artigos – em plena Segunda Guerra Mundial, não fez promessas. Mas conquistou todos os apoios que precisava ao ser honesto e sincero em seu discurso ao povo inglês: “só tenho a oferecer sangue, suor e lágrimas”. Sem iludir ninguém, se tornou herói da pátria. Não, não cobro de nossos candidatos este nível de sinceridade. Sei que, entre nós, tanta sinceridade levaria ao candidato ao fogo do inferno político.

Nosso povo gosta e precisa ser iludido. Acredita nas promessas que sabe nunca serão cumpridas para depois ficar pelas esquinas xingando os políticos de tudo o que se lembra dizer, como se ele não fosse parceiro da má política. Penso ser a hora de começarmos a mudar. Políticos e eleitores. Que eles deixem em casas as varinhas de condão, que nós, os eleitores, tratemos de levar a coisa mais a sério, votando com responsabilidade.

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