Desde os primeiros séculos do cristianismo, se diz em latim que a Igreja Católica é “immaculata ex maculatis”, ou seja, a Igreja é “imaculada composta de maculados”. Mas como compreender esta expressão de Santo Ambrósio que nasceu no longínquo ano de 340? Como compreender que a Igreja é santa, se ela é composta de pecadores?
Na Bíblia, São Paulo nos diz que Cristo amou a Igreja e entregou-se por ela, para a santificar (Efésios 5,26). Isso significa que a Igreja é santa porque foi instituída por Deus para a santificação dos homens e por isso Cristo nunca a abandona ao poder do mal (Mateus 16,18). Assim, a Igreja não é santa pelos nossos méritos, mas é santa porque Deus a santificou para a nossa salvação. A Igreja é, portanto, santa e santificante.
A Igreja reconhece que na sua história bimilenar não faltaram erros e defeitos humanos graves: o próprio apóstolo Pedro, primeiro Papa, reconhecia ser pecador (Lucas 5,8). Pedro, homem frágil, foi eleito por Cristo para guiar a Igreja precisamente para que fosse evidente que a vitória é só de Cristo, e não resultado das forças humanas.
A Bíblia diz que Deus quer levar em vasos frágeis (2 Coríntios 4,7) o seu próprio tesouro através dos tempos: deste modo, a fragilidade humana tornou-se sinal da verdade das promessas divinas. Sendo ao mesmo tempo divina e humana, a Igreja é um mistério que só pode ser acolhido na fé. É com os olhos da fé que se pode enxergar em sua realidade visível, ao mesmo tempo, uma realidade espiritual, portadora de vida divina. Por isso, a Igreja está na história e ao mesmo tempo a transcende.
A unidade, a santidade e a catolicidade da Igreja são dons divinos. Mas as manifestações históricas destas propriedades divinas falam também com clareza à razão humana. “A Igreja, em razão de sua santidade, de sua unidade católica, de sua constância invicta, é ela mesma um grande e perpétuo motivo de credibilidade e uma prova irrefutável de sua missão divina” (Concílio Vaticano I).
Nos santos brilha a santidade da Igreja. De fato, os santos e as santas sempre foram fonte e origem de renovação nas circunstâncias mais difíceis da história da Igreja. Assim, as promessas de Jesus Cristo de nunca abandonar a sua Igreja (Mateus 16,18; 28,20) e de guiá-la com o seu Espírito (João 16,13) comportam que, segundo a fé católica, a unicidade e unidade, bem como tudo o que concerne a integridade da Igreja, jamais virão a faltar. Por tudo isso se diz que “ninguém pode ter a Deus por Pai, se não tiver a Igreja por Mãe” (São Cipriano, século III)”.
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