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Os dados são seus, o candidato é deles

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As eleições brasileiras de 2018 ocorrem em 7 de outubro, com segundo turno previsto para dia 28 do mesmo mês. O período de propaganda eleitoral nas ruas e na internet começa, oficialmente, em 16 de agosto e vai até 5 de outubro. Um fenômeno que, longe de ser novo, mas inédito em sua dimensão, se tornará cada vez mais evidente e preocupante: os usos intensivos de “Big Data” e dos elementos, por vezes ilegais e antiéticos, da analítica eleitoral. Quanto mais entendermos estes processos, mais democrático e representativo será o pleito. Consequentemente, melhor para o país.

Por meio da utilização inteligente de dados, abre-se a possibilidade legal e ética de utilizá-los para tomar decisões mais racionais, conhecer melhor os eleitores e as suas prioridades, orientar o posicionamento de candidatos e monitorar mudanças de cenários. Porém, da mesma forma, dentro da complexidade do mundo atual, torna-se igualmente possível estimular a obtenção de dados de forma maliciosa e ilegal, bem como disseminar notícias falsas ou desleais, dirigidas a perfis específicos do eleitorado, favorecendo, de forma injusta e inescrupulosa, algum candidato.

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Além do acesso indevido aos dados pessoais, a partir do uso da psicologia comportamental, corre-se o risco de o programa do político ser, indevidamente, construído de modo inverso. Em vez de as ideias e as propostas do candidato estarem sendo colocadas à aprovação dos eleitores, constroem-se, via analítica eleitoral, o conteúdo e a forma que sejam mais adequados, desde que com maiores chances de serem votados. O produto final pode ser a construção algorítmica artificial de uma candidatura essencialmente falsa, sem relação com o que pensa o candidato e sem nenhuma garantia de comportamento do eleito após as eleições.

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Revelações internacionais deste mês são assustadoras e confirmam aquilo de que muitos suspeitavam: o uso dessas estratégias eleitorais atingindo níveis sem precedentes e ferindo profundamente códigos triviais de conduta. Esta é a realidade contemporânea e, provavelmente, será quase impossível evitar que casos similares venham a estar presentes na próxima campanha no Brasil. Porém o antídoto imediato é uma Justiça Eleitoral preparada e ativa quanto a eventuais usos indevidos de nossos dados para eleger os candidatos deles. E o melhor remédio permanente é estarmos todos alertas e esclarecidos.

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