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Cunha derrota Dilma

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Não é possível dizer que a presidente Dilma empatou o jogo político, vencendo no Senado e perdendo na Câmara. Tampouco é verdade que ela tenha vencido um. Na verdade, o Governo perdeu nos dois. No Senado, venceu o seu candidato, Renan Calheiros, numa disputa que custará muito caro ao Governo. Foi preciso muito esforço para conseguir reverter uma situação que caminhava para a derrota. Dependendo de com quem se ganha, é preferível, muitas vezes a derrota. O desgaste político é muito alto. É verdade que a presidente agora tem nas mãos um presidente do Senado e do Congresso maleável até demais nas negociações e que, ainda por cima, lhe deve a eleição. Pelo que representa em termos de conceito pessoal e político, com certeza não interferir e permitir a vitória de Luiz Henrique seria melhor. Daria mais seriedade aos propósitos do Governo.

Na Câmara, a derrota foi mais clara, palpável mesmo. Dilma queria Chinaglia, um petista comprometido com as pautas do Governo. Perdeu para Eduardo Cunha, um peemedebista que ela apenas tolera e que sabe ser nada compromissado com os desejos do Executivo. Mas é bom saber que nem sempre o inimigo de meu inimigo pode ser meu aliado. Quem é simplesmente povo, sem mandato, não deve esperar muito de Cunha. Seus compromissos são diferentes dos interesses da presidente, sem que isto signifique que sejam bons para o país. Cunha não é um político ideológico. Bem ao contrário, é um pragmático e que tem muito do velho populismo. Não derrotou Dilma com um discurso sintonizado com as aspirações e necessidades do país. Venceu porque falou no ouvido certo de seus pares, com um discurso corporativista, com promessas de atender os interesses mais imediatos de seus companheiros de Câmara. Sua vitória mostra, no entanto a fragilidade do Governo que recebeu um recado objetivo: aprovar a pauta governista vai ficar mais caro.

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