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Até o sacrifício pessoal

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Nessa última semana do mês de agosto, cardeais do mundo todo se reuniram no Vaticano para refletir sobre a nova Constituição Apostólica PraedicateEvangelium, que entrou em vigor em 5 de junho.

No entanto o que dominou as manchetes não foi o importante momento para Igreja Católica, mas sim uma suposta possibilidade de renúncia de Francisco ao pontificado. Numa entrevista recente, entretanto, ele riu da ideia, dizendo que “nunca me passou pela cabeça”, e, questionado se a saúde o impedisse de liderar a Igreja, o Pontífice respondeu: “Não sabemos. Deus vai dizer”.

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Quais foram os indícios que levaram a essas especulações?

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Nos últimos meses, as fortes dores no joelho direito obrigaram o Pontífice a adiar uma viagem ao continente africano, prevista para o início de julho. No último domingo, o Papa foi à cidade italiana de L’Aquila , celebrar o rito de abertura do Perdão Celestino e abriu a Porta Santa. Mas a atenção foi dada à oração que realizou no túmulo de Celestino V, que renunciou ao cargo de Papa em 1294 depois de apenas cinco meses para retornar à sua vida como eremita, estabelecendo uma prerrogativa papal. Em homilia, Francisco disse que, ao renunciar ao poder, Celestino mostrou a força que vem da humildade.

Mas o que mais alimentou o que o Santo Padre chamou de “fofoca” foi a coincidência com a data de convocação do oitavo consistório de seu pontificado. Trata-se de uma reunião feita com todos os cardeais para dar assistência ao Papa nas suas decisões. Eles assessoram diretamente o Papa em questões administrativas e econômicas, e, se tiverem menos de 80 anos, ficam responsáveis por eleger um novo Papa.

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Para essa reunião, o Papa nomeou 20 novos cardeais, entre os quais estão dois brasileiros e outros tantos da chamada “periferia do mundo católico”, seis da Ásia, dois da África, um norte-americano e outro sul-americano. Mais do que suas origens, todos são pessoas de confiança, do círculo pessoal do Pontífice.

Após esse consistório, o Colégio de Cardeais, grupo mais próximo de assistentes do Papa, passa a ser composto por um total de 229 cardeais. Entre eles, 132 são cardeais eleitores, ou seja, aqueles que elegerão o próximo Papa em um futuro conclave, 97 são não eleitores, e seis devem somar-se a esse grupo por completarem 80 anos ainda neste ano.

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A vitaliciedade de qualquer cargo hoje merece uma reflexão devido à longevidade que podemos alcançar e o direito de se viver seus últimos anos sem encargos de responsabilidades. Tal tem sido a vida de Bento XVI, que, segundo consta, se aproxima de seu encontro definitivo com Deus.

O fato incontestável, entretanto, é que Papa Francisco segue dando vitalidade à Igreja e se reúne com aqueles que lhe juraram fidelidade até o seu sacrifício pessoal, seja qual for o que o Criador lhe pedir. Assim ele quer deixar como legado uma Igreja realmente sinodal.

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