Quem convive com o presidente Lula sabe que o presidente de hoje não é o mesmo dos mandatos anteriores. Alguma semelhança talvez, com o Lula dos primeiros tempos do primeiro mandato, quando ainda se sentia sobre os palanques sindicais e, volta e meia, criava um embaraço político para seu governo. O Lula do segundo mandato foi mais presidente e menos sindicalista, o que o levou a eleger a então ministra Dilma Roussef, que deveria ficar um mandato, “guardando a cadeira” para a volta triunfal do seu padrinho.
O Lula do terceiro mandato voltou sem esconder as mágoas contra as pessoas e os fatos que o levaram à prisão. Mais grave, com um discurso misto de populista e radical político, típico de quem está mais preocupado com as próximas eleições do que com as mudanças que precisa realizar no país. No campo do radicalismo, elegeu como principal inimigo o presidente do Banco Central, Campos Neto, a quem acusa de impedir o crescimento do país com a manutenção de uma política de juros altos, lembrando sempre que ele foi indicado por Bolsonaro. O petista insiste em criticar os juros, sem dizer aos brasileiros qual seria a cotação possível e sem explicar por que as decisões do BC têm sido por unanimidade, com votos de alguns diretores indicados já em seu governo. Campos Neto é ainda, no discurso do petista, o culpado pela disparada do dólar, que se esquece de que, a cada vez que abre a boca para críticas, provoca desequilíbrios na economia.
Com esta e outras atitudes, ou falta delas, o prestígio presidencial vai caindo, o que dificultará sua reeleição em 2026 e até mesmo sua força eleitoral na disputa municipal deste ano. Em sua passagem por Minas, o presidente disse, sem muito entusiasmo, que o seu candidato à Prefeitura de BH é o deputado petista Rogério Corrêa. Um apoio que não reafirmou na solenidade seguinte, ainda em Belo Horizonte, o que causou estranheza nos petistas. Para muitos, o apoio a Corrêa foi apenas por formalidade partidária. Para evitar derrotas contundentes, o presidente deverá aparecer pouco nestas eleições. Se der ouvidos a seus aliados mais próximos, Lula deve descer dos palanques e começar a governar.
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