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Ônibus em Juiz de Fora: sistema de humilhação

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Como milhares de outros moradores de Juiz de Fora, eu preciso e faço uso constante do transporte coletivo. E, como usuário, posso afirmar que os ônibus em JF funcionam como um sistema de humilhação dos seus usuários.

Há coisas nesse transporte coletivo que nos permitem comprovar o que estou dizendo, mesmo os aparentemente “banais”. A começar pelo acesso aos veículos. A altura para se subir nos ônibus é absurda. Idosos e pessoas com dificuldade de mobilidade têm que se humilhar para conseguirem chegar ao primeiro degrau das escadas dos veículos. O mesmo ocorre na descida.

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Dentro dos veículos, outro elemento de humilhação: a roleta. Em tempos de bilhetagem e controle eletrônico de entrada e saída de passageiros, esse item não tem outra função senão a de humilhar. Ela sinaliza que toda e qualquer pessoa que entra no ônibus é um potencial caloteiro, promove uma segregação indecorosa dos idosos e demais gratuidades na frente, e dificulta o acesso de pessoas obesas, com sacolas de supermercado e em outras condições, à parte maior do veículo. Tripla humilhação, portanto.

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Mas há mais. Toda vez que o motorista arranca sem que todos os passageiros estejam acomodados, há humilhação. Toda vez que o cobrador grita “um passinho atrás aí”, para os passageiros já amassados, enquanto bate com uma moeda no ferro da roleta, há humilhação. Toda vez que há atraso ou acidente, há humilhação. Condições precárias de limpeza e da estrutura dos veículos, especialmente nas linhas que atendem os bairros mais pobres, são humilhantes. Quando se compara os pontos de ônibus da Avenida Rio Branco com aqueles dos bairros periféricos, ou mesmo da Avenida Getúlio Vargas, percebe-se outro fator gritante de humilhação.

Toda essa humilhação faz sentido porque no Brasil, em geral, e em Juiz de Fora, em particular, o serviço de transporte público é oferecido como se fosse um favor, como uma dádiva prestada a uma gente que deveria agradecer por ser carregada de um lado para o outro em condições inferiores àquelas com que bens e mercadorias são transportados, inclusive os rolos de papel higiênico. E o nome disso não é cidadania. É humilhação.

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