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Do sanatório ao Hospital João Penido

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Em 20 de junho de 2015, comemoramos 65 anos de fundação do Hospital Regional Dr. João Penido. Em 1950, foi inaugurado o Sanatório Dr. João Penido, no Bairro Grama, em Juiz de Fora. A tuberculose ou tísica, também chamada de peste branca, era um problema seríssimo para a saúde pública mundial. Então, construíram-se os sanatórios, de preferência nas montanhas, onde no clima, no repouso e na alimentação buscava-se a cura da doença. Acreditava-se que, em 20 anos, a tuberculose estaria totalmente erradicada. No Brasil, entre os locais selecionados pela Campanha Nacional Contra a Tuberculose para a construção dos sanatórios estavam Campos do Jordão, Região Serrana do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Santos Dumont e Juiz de Fora. A doença era um estigma, marginalizando os pacientes com tuberculose da família e do convívio social.

O Sanatório Dr. João Penido, com capacidade para 360 leitos, internava pacientes com tuberculose de todas as regiões de Minas Gerais. Fazia não só o tratamento clínico como possuía um centro cirúrgico adequado e profissionais capacitados. Alguns pacientes ficavam internados por vários anos, pois a cura não era conseguida pela ineficiência do tratamento, por complicações cirúrgicas e abandono da família. Em 1980, baseado em trabalhos científicos, o paciente com tuberculose passou a ser tratado em casa e controlado nos ambulatórios. Os sanatórios perderam seus objetivos, sendo transformados em hospitais gerais, maternidades e hospitais geriátricos.

Em 1983, assumi a direção-geral da instituição. Aceitei o desafio de modificar a missão do hospital. Junto com nossa equipe administrativa, adotamos o lema “Vamos transformar o João Penido em hospital geral”. Estavam internados 29 pacientes com tuberculose, e o hospital, subutilizado. Com planejamento, trabalho, persistência e participação efetiva dos funcionários, abandonamos a inércia e dinamizamos o hospital. Entrosamos com a comunidade do Bairro Grama, a Secretaria Estadual de Saúde, a Fhemig e os políticos para cumprirmos o lema de trabalho por nós elaborado. Acionamos o ensino junto à UFJF, assinando um convênio em que os acadêmicos de medicina e os residentes fariam estágio em nossa instituição. Além das reuniões científicas, promovemos a realização de jornadas e simpósios na área da saúde. Ao deixar a direção, em 1987, o hospital dispunha de ambulatórios, enfermarias de clínica médica, de cirurgia, de pediatria, centro cirúrgico ativado, UTI, além da creche para filhos dos funcionários. Consolidamos a transição do sanatório para hospital geral.

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Os diretores que me sucederam lutaram bravamente para transformá-lo cada vez mais em um hospital-geral, com a instalação da maternidade de alto risco, da UTI infantil, UTI neonatal e do Centro de Reabilitação. Sob a orientação da Fhemig, a área física foi ampliada, aparelhos com moderna tecnologia foram adquiridos, humanizaram o hospital e qualificaram os funcionários, iniciativa que enriquece a instituição. As atividades de ensino foram incentivadas com a criação das residências médicas. Hoje, com toda convicção, podemos afirmar que o Hospital Regional Dr. João Penido é público, de qualidade, que serve ao Sistema Único de Saúde (SUS).

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