A nossa cultura de “certo” e “errado” mostra a sexualidade e a identidade de gênero como algo simples e imutável. Seria fácil definir o que é correto para um homem e para uma mulher e, a partir do momento em que uma criança nasce, ela já tem um destino traçado simplesmente por seu sexo. Mas, e se não pensássemos assim?
Acredito que o ser humano tem a necessidade de saber e compreender tudo ao seu redor, por isso pesquisamos, buscamos e tentamos achar uma explicação no mínimo aceitável para todas as questões humanas. Será que devemos procurar a verdade sobre a identidade de gênero e sexualidade? Será que realmente existe uma verdade?
Segundo o relatório de 2021 da Transgender Europe (TGEU), o Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo. Para esses indivíduos, o simples fato de estar vivo é um ato de resistência.
As leis do país são criadas e aprovadas, em sua maioria, por homens brancos e ricos, que, sem dúvida alguma, possuem uma realidade totalmente distinta da comunidade LGBTQIA+. Em tese, somos todos iguais perante a lei, mas, na prática, não. As leis não se aplicam a todos. Pessoas trans são invisíveis para a sociedade, e quase ninguém está lutando por elas.
‘’Por que devo me preocupar com algo que não me diz respeito?’’ É o que muitas pessoas cisgêneras se perguntam. Devemos nos preocupar com vidas. Respeitar e “não cometer transfobia” não é suficiente. Quem tem voz deve lutar pelas pessoas que não têm espaço e visibilidade na sociedade. As leis precisam mudar a partir de novas necessidades sociais.
Eu, como mulher cisgênera, não consigo sequer imaginar e medir o sofrimento que a comunidade LGBTQIA+ enfrenta todos os dias. Às vezes me pergunto se seria corajosa o suficiente para não me esconder se estivesse no lugar deles.
Pare para pensar: como seria sua vida se o entendimento de “certo e errado” fosse invertido? Como você agiria se precisasse amar alguém do sexo oposto em sigilo, com medo de ser descoberto? Como você agiria se soubesse que as pessoas iriam julgar não somente a você, mas também seu (sua) filho (a) por saber que possui um pai e uma mãe? Será que acusariam você de se vulgar somente por ser quem é? Será que você poderia ser morto simplesmente por se identificar com o mesmo sexo que nasceu? Será que nós ainda mudaríamos de canal ao ver um beijo hétero na novela?
A mídia nos permite divulgar nossos pensamentos e ideais de forma rápida e simples. Podemos escolher salvar vidas. Devemos aprender mais sobre o tema e perguntar a quem vive essa luta. Podemos escolher ver essas pessoas no horário nobre da TV, nos filmes de Hollywood, no Instagram e no nosso cotidiano.
Que sejamos disseminadores de respeito, de direitos, deveres e, acima de tudo, do amor.