A edição da Tribuna deste domingo (31) trata de olhar para o futuro sob a perspectiva da tecnologia. Em uma discussão que se intensificou neste 2023 que chega ao fim, a inovação, sobretudo baseada na agora popular inteligência artificial (IA), atinge diferentes áreas: do esporte à cultura, da economia à política. A realidade aponta para possibilidades diversas do uso da tecnologia, mas aproveitar de maneira saudável esse “novo mundo” vai depender das atitudes que serão tomadas nos próximos anos.
Justamente no ano em que a IA ganhou as rodas de conversa e adquiriu sua forma de melhor usabilidade para o usuário comum através do ChatGPT, as discussões em âmbitos globais e nacionais sobre os possíveis impactos negativos dessa ferramenta também tomaram forma.
No âmbito da cultura, a greve dos roteiristas nos Estados Unidos foi notícia globalmente, tendo como um de seus pontos críticos a massificação da IA na produção cultural. O movimento, que durou meses, chegou ao fim após ficar definido que a ferramenta não poderá ser utilizada para escrever ou adaptar qualquer material.
Na política, a inteligência artificial foi apontada como uma preocupação pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, que defendeu a cassação e a inelegibilidade de agentes políticos que se utilizarem da tecnologia de maneira fraudulenta. A preocupação se faz ainda mais necessária à medida que iniciamos mais um ano eleitoral, o que gerou também manifestação de receio por parte do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.
Essas discussões acontecem em um ambiente ainda mais desafiador, uma vez que as “Big Techs” se mostram indispostas a colaborar com os debates e a acolher propostas de melhorias. Eleições brasileiras anteriores já haviam trazido à tona a dificuldade em dialogar com as principais empresas do ramo tecnológico, e o cenário pouco mudou desde então.
Por outro lado, como mostra a edição da Tribuna deste domingo, a inovação também traz consigo soluções na economia, na saúde, na segurança pública e no esporte, entre outros setores. O uso responsável e controlado da inteligência artificial também pode revolucionar questões incontornáveis nos próximos anos, como a contenção às mudanças climáticas.
Não se trata, portanto, de permanecer alheio aos avanços. O futuro na área da tecnologia é empolgante por conta das suas infindáveis possibilidades, mas também é desafiador na mesma medida. A grande missão é fazer um bom uso do potencial revolucionário da tecnologia ao mesmo tempo em que são mitigados os riscos decorrentes desse universo que se renova e se amplia todos os dias.