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Andar pelas ruas das principais cidades brasileiras é vivenciar um cenário preocupante de ocupação urbana fora dos padrões. O número de moradores em situação de rua tornou-se uma realidade. Um estudo elaborado pelo programa Polos de Cidadania da Universidade Federal de Minas Gerais, e publicado pelo jornal O Tempo, aponta que quase 19 mil pessoas estão nessa situação em Minas Gerais. Esse número é superior aos habitantes de 653 municípios mineiros. No quadro nacional, cerca de 150 mil pessoas estão na mesma situação. Boa parcela entrou nessa condição durante a fase mais aguda da pandemia.

Ter uma leitura adequada dessa situação tornou-se uma exigência, a fim de se encontrarem alternativas e evitar, também, a estigmatização desses personagens. O discurso raso os aponta como incômodo para a própria sociedade, quando, de fato, também são vítimas de uma situação que se agrava de ano a ano. Cidade mais rica da América do Sul, São Paulo é o retrato vivo de ruas ocupadas, sobretudo na sua área central. Ocorre o mesmo no Centro do Rio e de Belo Horizonte.

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Juiz de Fora, respeitadas as proporções, também tem seus personagens, muitos deles em condições que chamam a atenção, por incorporarem a situação de rua como algo próprio de suas vidas. Há cerca de uma semana, uma jovem deu à luz gêmeos embaixo de uma das pontes que cortam o Rio Paraibuna. Foi socorrida pelos Bombeiros e pelo Samu, num parto bem-sucedido em que todos ficaram bem.

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O que chamou a atenção, porém, foi a condição da mãe. Dias antes, ela já tinha sido identificada, e sua condição, constatada pelos médicos. De pronto, agentes sociais da Prefeitura, como prevê um programa especial, fizeram seu encaminhamento – e do marido – para um hotel próprio para acolher esses desabrigados. Na véspera do parto, a jovem deixou o hotel e foi ter os filhos embaixo da ponte.

Criticá-la seria um ato menor, valendo, sim, uma reflexão sobre esse problema que não se esgota no Brasil. A Europa, ante o fluxo migratório, que ainda não cessou, vive situação inédita, com pessoas perambulando pelas ruas em busca de abrigo e de alimento.

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É fato que a deterioração da economia amplificou esse problema, mas até mesmo no ciclo virtuoso o número de pessoas em situação de rua era expressivo, o que leva à discussão sobre o que fazer. O primeiro passo é compreender a situação e buscar, talvez caso a caso, entender o que está acontecendo. Morar na rua pode ser uma opção de vida, mas é quase certo que a maioria está nessa condição por circunstâncias, sejam elas econômicas, sejam familiares. Ou, ainda, pela perversidade das drogas.

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