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Erro de foco

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O presidente Michel Temer incorre em risco ao buscar alternativas para garantir o mandato do deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) depois de este perder o foro privilegiado com o retorno do titular, Omar Serraglio, à Câmara Federal. O parlamentar, demitido do Ministério da Justiça, recusou-se a trocar de lugar com o seu sucessor, Torquato Jardim, gerando, assim, um incômodo para o Planalto, pois Rocha Loures, já temendo as consequências de cair na instância do juiz Sérgio Moro, já estaria se preparando para fazer uma delação premiada. Foi ele o político flagrado com uma pasta contendo R$ 500 mil, recolhidos da JBS, a pedido, segundo as primeiras investigações, do presidente. Tem, pois, muito o que falar.

A ida do jurista Torquato Jardim para o Ministério da Justiça seria mera rotina não fosse a possibilidade de ele articular a desaceleração da Lava Jato e enquadrar a Polícia Federal, como sonha muita gente envolvida nas investigações. Suas primeiras entrevistas mais pareciam a de um advogado do presidente da República do que as de um ministro de Estado, o que causa preocupação. Mas é aí que está o erro. Se insistir nesse caminho, o presidente estará criando mais um ponto de desgaste com a opinião pública, de quem tem, hoje, a mais baixa aprovação desde o restabelecimento das eleições diretas, em 1989. Um gesto dessa magnitude seria um tiro no pé.

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Os próximos dias serão decisivos para esse processo, pois o presidente, ao mesmo tempo que cuida de seu flanco, encontra-se com empresários e toca uma agenda de normalidade, prometendo um país melhor após o seu mandato. A questão é até quando irá sua gestão diante de tanta pressão. Por isso, além do PMDB, seu partido, terá que se articular com outras legendas, sobretudo o PSDB, de quem já toca a agenda econômica. A conversa com o ex-presidente Fernando Henrique, ontem, pela manhã, em São Paulo, é emblemática. Os efeitos, porém, ainda são incertos.

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