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Restando apenas um mês para o encerramento da atual legislatura, o Rio de Janeiro assistiu, na manhã dessa quinta-feira, à prisão do governador Luiz Fernando Pezão, sob a suspeita de ter recebido “mesada” e prêmio em propina quando era vice do então governador Sérgio Cabral, ora preso no complexo penitenciário de Bangu por corrupção. De acordo com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, o governador estaria numa segunda etapa do crime, contribuindo para ações de lavagem do dinheiro obtido de forma ilícita antes e durante o seu mandato. Foi essa, aliás, a sua justificativa ao explicar a antecipação da prisão antes mesmo de o governador perder o foro privilegiado. Além de Pezão, outros personagens foram presos pela operação Boca de Lobo.

A medida, autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça por envolver uma autoridade em pleno gozo do mandato, mostra a quantas anda o corroído sistema político. Com a ação dessa quinta-feira, a população fluminense assiste, em tão pouco tempo, à quarta prisão de um agente público de alta patente: Cabral continua preso, mas pelo cárcere também passaram os ex-governadores Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho, ora soltos por decisão judicial, mas ainda respondendo processo penal.

Pela delação premiada do assessor Carlos Miranda – o homem da mala de Cabral -, Pezão teria sido beneficiado com repasses da ordem de R$ 40 milhões, que ele próprio gerenciava, a despeito de ter sido envolvido também em ações com Sérgio Cabral.

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O uso do dinheiro público como se fosse privado tornou-se endêmico pelo país afora, e o que ora ocorre é resultado de anos de silêncio das próprias autoridades públicas, muitas por conveniência e outras por imposição de vetos, que deixaram um rastro de corrupção imensurável. O grave desse enredo é que, a despeito das muitas operações, o esquema continua operando em várias frentes, como se não houvesse risco de ser denunciado.
As evidências indicam que ainda há um longo percurso a ser perseguido, que deve ser baseado no princípio de que a corrupção não vai acabar de uma hora para outra, havendo necessidade de investigações permanentes, legislação moderna e, sobretudo, controle social sobre as ações dos agentes públicos.

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